| Foto: CRIS BOURONCLE/AFP

Milhares de pessoas marcharam na noite desta terça-feira (31), em Lima, em protesto contra a candidatura de Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori – que governou entre 1990 e 2000 e está preso por crimes de direitos humanos e corrupção.

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Keiko, 40, lidera com 53,1% dos votos válidos as pesquisas para o segundo turno da eleição peruana, que ocorre neste domingo (5). Seu rival, o ex-ministro da economia Pedro Pablo Kuczynski (conhecido como PPK), 77, tem 45,9% -segundo a mais recente pesquisa Ipsos.

Esta já é a segunda marcha contra Keiko – a última foi em 5 de abril, pouco antes do primeiro turno, lembrando o aniversário de 24 anos do fechamento do Congresso por seu pai, no chamado “autogolpe” de Fujimori.

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“Não podemos nos deixar enganar outra vez. Keiko mudou apenas na aparência; no fundo, ainda é a filha obediente do ditador, de quem foi sua primeira-dama [após o divórcio dos pais], apoiou a destruição das instituições e a castração de milhares de mulheres”, disse à reportagem a professora Ismelda Quispe, enquanto espalhava cartazes com os dizeres #KeikonoVa (Keiko não vai) para quem chegava à praça San Martín.

 

O protesto foi organizado por movimentos sociais e se diferenciou nas cores. Um grupo de branco e as inscrições “eu tenho memória”; mulheres com roupa manchada de vermelho faziam referência às esterilizações forçadas; e sindicatos surgiram com placas com suas siglas.

Havia, também, famílias e indivíduos isolados. “Precisava vir. Estava saindo do trabalho aqui no centro, mas me lembrei dos toques de recolher da época da ditadura, e acho que o Peru não merece algo parecido de novo”, disse o bancário Roberto Rivera.

A previsão era que o protesto terminasse na praça 2 de maio, uma das principais da capital peruana.

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Nos últimos dias, a candidatura do direitista Kuczynski recebeu apoio da esquerda, antes hesitante quanto a suas propostas econômicas mais pró-mercado.

A principal voz a se aliar foi a de Veronika Mendoza, socialista que ficou em terceiro lugar no primeiro turno e que orientava os eleitores a votar em branco ou nulo.

“Venho pedir que votem em PPK, para evitar que o fujimorismo volte. Votemos em PPK e vamos nos preparar para fazer uma oposição crítica a seu governo desde o primeiro dia”, disse a seus eleitores.

Mendoza integrou a marcha junto a representantes de outras forças esquerdistas.

“O apoio da esquerda é importante para PPK, mas talvez esteja surgindo tarde demais. Keiko venceu os debates, fez uma campanha eficiente. Sim, ainda é possível uma virada de PPK, mas não é tarefa fácil”, disse à Folha o analista Steven Levitsky, professor de Harvard e especialista em política peruana.

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Campanha

Enquanto isso, a candidata fujimorista tem concentrado seus últimos dias de campanha em regiões afastadas dos centros urbanos. Foi às regiões andinas e amazônicas. Vestiu roupas típicas e dançou em comícios.

Sobre o apoio da esquerda a PPK, considerou “uma hipocrisia”, pois considera o candidato “ultradireitista”.

PPK, por sua vez, moderou o discurso em entrevista a jornalistas. “Não sou de direita, sou de centro e recebo com muita alegria os apoios da direita e da esquerda.”