Protestos ocorreram nesta quarta-feira (25) em várias cidades da Venezuela para condenar a morte do colegial Kluyberth Roa, 14 anos, atingido na véspera por um tiro disparado pela polícia durante uma manifestação estudantil em San Cristóbal, oeste do país. O tiro atingiu Kluyberth na cabeça. O pai, Eric Roa, disse à reportagem que o adolescente não estava participando da manifestação antigoverno, mas voltando para casa depois das aulas.
Em Caracas, jovens reunidos em frente ao Ministério do Interior, Justiça e Paz exigiram a anulação de um polêmico decreto imposto pelo governo no mês passado que permite às forças de segurança usar armas letais para reprimir protestos que considerarem violentos. “A resolução 8610 é uma infâmia que ontem [terça] manchou de sangue [o Estado de] Táchira [onde está situada San Cristóbal]. Exigimos sua derrogação imediata”, disse o líder estudantil Hasler Iglesias. Críticos da resolução alegam que ela viola o artigo 68 da Constituição, que bane o uso de armas de fogo em protestos.
Horas após a morte de Kluyberth, o presidente Nicolás Maduro admitiu que a Constituição “proíbe a repressão armada de maneira explícita”, mas afirmou que o tiro foi disparado após policiais serem agredidos pelos manifestantes. Maduro disse que o disparo partiu de uma “escopeta com balas de borracha”. A família afirma que a autopsia deixou claro que Kluyberth foi alvejado por uma arma de fogo. Circula nas redes sociais um documento, apresentado como laudo da autopsia, que supostamente confirma a tese de que o rapaz morreu por arma de fogo. A autenticidade do laudo não pôde ser comprovada.
A procuradora geral da República, Luisa Ortega-Díaz, lamentou o ocorrido e disse que o autor presumido do disparo, identificado como Javier Mora Ortiz, 23, está preso e será formalmente denunciado por homicídio doloso qualificado por motivo fútil e ignóbil, uso indevido de arma e violação de convenções internacionais. Mora Ortiz confessou o crime, segundo a ministra do Interior, Justiça e Paz, Carmen Meléndez. Ela alegou que o episódio foi um “ato individual” que não reflete a “nova polícia humanista”.
Autoridades dizem que a morte de Kluyberth é resultado do caos provocado pelos manifestantes antigoverno, que vêm tentando reiniciar a onda de protestos de 2014 contra a crise econômica, o endurecimento do governo e a criminalidade. O governo afirma que as manifestações, nas quais 43 pessoas morreram, incluindo policiais, eram uma tentativa velada de golpe de Estado semelhante à de 2002, quando a oposição derrubou o então presidente Hugo Chávez durante três dias.
Os protestos do ano passado norteiam até hoje a agenda do governo, que prendeu desde então vários líderes opositores acusados de instigar violência nas manifestações, como o prefeito de San Cristóbal, Daniel Ceballos, e o ex-prefeito de Chacao Leopoldo López. Na semana passada, um juiz ordenou a prisão do prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, sob a mesma justificativa. A oposição diz que a única resposta do governo diante da crise econômica (que gera inflação e desabastecimento) é o aumento da repressão.
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