![Manifestantes se reúnem no Egito contra Junta Militar Mais de 50 mil egípcios compareceram nesta sexta-feira à praça Tahrir, no Cairo, para pressionar a junta militar a apressar a transferência do poder para um governo civil | REUTERS/Mohamed Abd El-Ghany](https://media.gazetadopovo.com.br/2011/11/egito-protesto-1.0.77470796-gpLarge.jpg)
Centenas de egípcios se concentraram nesta sexta-feira na Praça Tahrir, no Cairo, que virou símbolo da Revolução de 25 de Janeiro, antes do início de um protesto contra as prerrogativas que devem ser concedidas à Junta Militar na nova Constituição.
Desde o início da manhã os acessos à praça estão com o tráfego de veículos interrompido por brigadas de voluntários que pedem a documentação a todos que passam por ali.
Muitos dos manifestantes chegaram com bandeiras egípcias e colocaram na praça vários cartazes contra a Junta Militar, que governa o país desde a renúncia do presidente Hosni Mubarak, em 11 de fevereiro. Dezenas de pessoas passaram a noite em Tahrir, onde algumas dormiram sobre papelões colocados no chão.
O protesto desta sexta-feira foi convocado por vários grupos políticos, entre eles os Irmãos Muçulmanos, para manifestar contra uma proposta do governo de elaborar uma nova Constituição que outorgaria prerrogativas à Junta Militar.
Na proposta são incluídos 23 pontos que a nova Carta Magna deveria respeitar. Os mais controversos fazem alusão direta ao papel das Forças Armadas e a autonomia do poder Executivo que será garantida.
O artigo 9 reserva ao Conselho Supremo das Forças Armadas, máxima autoridade do país atualmente, a competência exclusiva de supervisionar "tudo o que é referente às Forças Armadas e a seu Orçamento".
Além disso, se a Junta Militar considerar que a minuta da Constituição contradiz algum dos princípios básicos do Estado, teria o poder de pedir sua revisão, e em última instância dissolver a Assembleia Constituinte e delegar a redação do texto a uma nova.
De acordo com os Irmãos Muçulmanos, a minuta proposta pelo vice-primeiro-ministro Ali al-Selmi "causou uma perigosa crise na sociedade política egípcia, porque inclui cláusulas que tiram a soberania do povo e consagram uma ditadura".
No dia 28 de novembro está prevista a realização de eleições legislativas, que devem ser as primeiras democráticas na história do Egito, com o objetivo de formar o Parlamento que deverá dar origem a uma nova Constituição.
Deixe sua opinião