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Mais de 50 mil egípcios compareceram nesta sexta-feira à praça Tahrir, no Cairo, para pressionar a junta militar a apressar a transferência do poder para um governo civil | REUTERS/Mohamed Abd El-Ghany
Mais de 50 mil egípcios compareceram nesta sexta-feira à praça Tahrir, no Cairo, para pressionar a junta militar a apressar a transferência do poder para um governo civil| Foto: REUTERS/Mohamed Abd El-Ghany

Centenas de egípcios se concentraram nesta sexta-feira na Praça Tahrir, no Cairo, que virou símbolo da Revolução de 25 de Janeiro, antes do início de um protesto contra as prerrogativas que devem ser concedidas à Junta Militar na nova Constituição.

Desde o início da manhã os acessos à praça estão com o tráfego de veículos interrompido por brigadas de voluntários que pedem a documentação a todos que passam por ali.

Muitos dos manifestantes chegaram com bandeiras egípcias e colocaram na praça vários cartazes contra a Junta Militar, que governa o país desde a renúncia do presidente Hosni Mubarak, em 11 de fevereiro. Dezenas de pessoas passaram a noite em Tahrir, onde algumas dormiram sobre papelões colocados no chão.

O protesto desta sexta-feira foi convocado por vários grupos políticos, entre eles os Irmãos Muçulmanos, para manifestar contra uma proposta do governo de elaborar uma nova Constituição que outorgaria prerrogativas à Junta Militar.

Na proposta são incluídos 23 pontos que a nova Carta Magna deveria respeitar. Os mais controversos fazem alusão direta ao papel das Forças Armadas e a autonomia do poder Executivo que será garantida.

O artigo 9 reserva ao Conselho Supremo das Forças Armadas, máxima autoridade do país atualmente, a competência exclusiva de supervisionar "tudo o que é referente às Forças Armadas e a seu Orçamento".

Além disso, se a Junta Militar considerar que a minuta da Constituição contradiz algum dos princípios básicos do Estado, teria o poder de pedir sua revisão, e em última instância dissolver a Assembleia Constituinte e delegar a redação do texto a uma nova.

De acordo com os Irmãos Muçulmanos, a minuta proposta pelo vice-primeiro-ministro Ali al-Selmi "causou uma perigosa crise na sociedade política egípcia, porque inclui cláusulas que tiram a soberania do povo e consagram uma ditadura".

No dia 28 de novembro está prevista a realização de eleições legislativas, que devem ser as primeiras democráticas na história do Egito, com o objetivo de formar o Parlamento que deverá dar origem a uma nova Constituição.

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