![Em cinco pontos de Bangcoc, os manifestantes se reuniam sob o forte sol da tarde para ouvir dirigentes da Frente Unida pela Democracia Contra a Ditadura, que discursavam em caminhões | Reuters](https://media.gazetadopovo.com.br/2010/03/tailandense_reuters-1.0.55429137-full.jpg)
Manifestantes contrários ao governo da Tailândia começaram a se reunir nesta sexta-feira em Bangcoc como preparativo para a "marcha do milhão" que prometem realizar nos próximos dias, a fim de pressionar o governo a convocar eleições.
Cerca de 40 mil soldados e policiais se espalharam pela cidade, enquanto milhares de pessoas com camisas vermelhas, seguidores do primeiro-ministro deposto Thaksin Shinawatra, começavam a se aglomerar para um dos maiores protestos já ocorridos contra o premiê Abhisit Vejjajiva.
Em cinco pontos de Bangcoc, os manifestantes se reuniam sob o forte sol da tarde para ouvir dirigentes da Frente Unida pela Democracia Contra a Ditadura, que discursavam em caminhões.
"Estamos pedindo a devolução do poder ao povo. Que ele decida o destino deste país", disse Veera Muksikapong, um dos líderes dos "camisas vermelhas", sob aplausos.
Mas a turbulência política não abalou os mercados financeiros. Muitos investidores e analistas duvidam que os protestos, mesmo que eventualmente violentos, derrubem o governo, que tem apoio da cúpula militar e das elites urbanas.
Refletindo tal confiança, a Bolsa local subiu 75 por cento em 12 meses, recebendo quase 2 bilhões de dólares do exterior. Na sexta-feira houve uma ligeira queda, refletindo certa inquietação no varejo local.
Mas economistas alertam que a crise política pode afetar algumas empresas e abalar a confiança do consumidor na segunda maior economia do Sudeste Asiático, possivelmente forçando o Banco Central a adiar a esperada elevação dos juros, que nunca estiveram tão baixos no país.
A maioria, no entanto, aposta na manutenção da subida da Bolsa tailandesa, ainda uma das mais baratas da Ásia. Esses economistas lembram que protestos em abril de 2009 mergulharam a Tailândia na sua pior crise política em 17 anos, mas não chegaram a derrubar o governo.
Os investidores estão mais preocupados com uma rápida recuperação econômica atrelada às exportações, e desde janeiro já despejaram cerca de meio bilhão de dólares na Bolsa local.
Os manifestantes devem se dispersar na sexta-feira, mas voltam a se reagrupar no domingo, quando prometem levar centenas de milhares de pessoas das províncias para as ruas de Bangcoc. Os organizadores dizem que a manifestação irá durar pelo menos sete dias.
Muitas empresas e escolas não funcionaram na sexta-feira na capital. Algumas companhias autorizaram seus empregados a trabalharem de casa.
Em 2008, outro grupo tentou derrubar o governo de Thaksin, ocupando por três meses a sede do governo e interditando por oito dias o aeroporto internacional da capital. A Frente Unida pela Democracia promete não usar esses métodos.