As forças de segurança da Líbia abriram fogo contra os manifestantes na segunda cidade do país, Benghazi, neste domingo (20), disse uma testemunha, depois de muitas mortes em um dos dias de protestos mais sangrentos que assolam o mundo árabe.
Moradores disseram que dezenas, talvez centenas de milhares de manifestantes tomaram as ruas da cidade para enterrar os muitos mortos das últimas 24 horas.
Os manifestantes, inspirados pela agitação na vizinha Tunísia e no Egito, exigem o fim da ditadura de Muammar Kadafi, que já dura 41 anos. Suas forças de segurança responderam com violência. As comunicações estão sendo controladas, e o acesso de jornalistas internacionais a Benghazi não é permitido.
O grupo Human Rights Watch disse que 84 pessoas foram mortas na cidade no sábado, elevando o número de vítimas fatais nos confrontos que ocorrem principalmente no leste do país para 173 em quatro dias de distúrbios.
"Houve um massacre aqui ontem à noite", disse à Reuters por telefone no domingo um morador que não quis se identificar. Mais tarde no domingo, um dos principais líderes tribais, que pediu anonimato, disse que as forças de segurança, que estavam confinadas, deixaram os alojamentos nos quartéis e atiravam nos manifestantes nas ruas, como "uma perseguição de gato e rato."
Os confrontos aconteceram em uma estrada que leva a um cemitério, onde milhares de pessoas foram enterrar seus mortos.
"A situação é muito tensa e vários incêndios irromperam no quartel general do comitê revolucionário e em outros edifícios", ele disse.
Informações fragmentadas indicam que as ruas de Benghazi, cerca de 1.000 km ao leste da capital, Trípoli, estão agora sob o controle dos manifestantes antigoverno, sofrendo ataques periódicos das forças de segurança, que atiram de dentro do seu quartel murado.
Um morador disse que cerca de 100 mil manifestantes dirigiram-se ao cemitério "para enterrar dezenas de mártires".
Outra testemunha disse à Reuters que milhares de pessoas realizaram rituais de orações em frente aos 60 corpos expostos na cidade. Mulheres e crianças estavam entre a multidão de centenas de milhares de manifestantes que foram até a orla marítima mediterrânea e à área ao redor do porto, ele disse.
Um médico de um hospital de Benghazi disse que as vítimas sofreram ferimentos graves causados por armas de longo alcance.
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