A renúncia do primeiro-ministro Hassan Diab e de membros do seu gabinete na segunda-feira (10) não foi suficiente para impedir que libaneses voltassem a ocupar as ruas de Beirute nesta terça-feira (11), a fim de manifestar a insatisfação política do povo após as explosões que destruíram parte da capital do país. O acidente completa uma semana hoje. Neste momento, os libaneses pedem a saída do que enxergam como uma classe dominante corrupta.
Um protesto com o slogan "enterre as autoridades primeiro" foi planejado perto do porto da cidade, onde estava armazenado o material que originou a tragédia. As explosões mataram ao menos 171 pessoas, feriram 6 mil e deixaram centenas de milhares desabrigados.
Mesmo antes das explosões, uma crise econômica no Líbano havia elevado os preços de produtos básicos e deixara muitos cidadãos enfrentando a perspectiva de fome. Agora, não está claro quem vai se encarregar do processo de longo prazo de recuperação e reconstrução de Beirute e do país em geral. Com prejuízos estimados entre US$ 10 bilhões e US$ 15 bilhões, o processo pode levar anos.
Lina Khatib, chefe do Programa para o Oriente Médio e Norte da África do instituto de política internacional britânico Chatham House, disse que a pressão dos manifestantes pode acelerar a formação de um novo governo, mas não significa, necessariamente, que a mudança virá.
"A questão chave é se o novo gabinete será meramente uma [nova] versão do antigo", disse ela. Embora seja provável que o próximo governo inclua assentos no gabinete para aqueles de fora da classe dominante, há poucas chances de que eles tenham poder suficiente para realizar uma mudança real. "O status quo dominante não está disposto a renunciar totalmente ao poder", completou Khatib.
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