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O ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino López, conhecido por ser o braço direito do ditador Nicolás Maduro, disse em um discurso nesta quarta-feira (24) que as Forças Armadas devem respeitar os resultados das eleições presidenciais do dia 28.
No entanto, a relação dos militares com o regime chavista nos últimos anos expõe outra realidade, recheada de manipulação e troca de interesses, que levantam dúvidas sobre o apoio do setor ao regime, apesar dos resultados da votação no próximo domingo.
Um dos grandes aliados do chavismo nas Forças Armadas é o comandante de operações estratégicas, general Domingo Antonio Hernández Lárez, que foi recrutado para divulgar notícias falsas sobre a líder oposicionista Maria Corina Machado.
O oficial venezuelano compartilhou em suas redes sociais capturas de tela de um vídeo manipulado de Machado, no qual ela teria apresentado propostas de privatizar as Forças Armadas e outros setores militares do país. Posteriormente, foi identificada a manipulação digital.
O ditador não perdeu a oportunidade de utilizar a mídia a seu favor em um discurso político para militares na ocasião. Maduro afirmou que "ninguém poderia privatizar as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas, ninguém vai trazer gringos para serem chefes no nosso país”, disse.
“Na Venezuela nós, os venezuelanos, governamos e nas Forças Armadas nossos soldados patrióticos: os oligarcas tremem porque há soldados aqui para defender a Pátria e a Revolução Bolivariana do Século XXI do nosso comandante Hugo Chávez”, afirmou ainda o líder chavista a uma multidão de soldados e cadetes aos quais garantiu que iria construir "uma poderosa aliança civil-militar”.
Outro discurso frequente de Maduro contra a oposição, que tem o apoio de oficiais do Exército, está relacionado a supostas conspirações dos adversários políticos para derrubar a "democracia" na Venezuela.
Maduro aproveitou uma data importante do Exército bolivariano para reiterar suas declarações sem respaldo comprobatório. “Tenho informações em primeira mão, verificadas com vídeos, sobre as conversas secretas da direita que preparam uma ofensiva contra o sistema elétrico do país, uma guerra para acabar com o clima de paz, tranquilidade e felicidade e que visa atingir o sistema eleitoral".
Apesar da falta de provas, Maduro convocou as Forças Armadas a ativarem o "alerta máximo" em caso de preparação para "atos terroristas" da oposição, patrulhando permanentemente as instalações elétricas do país, algo que tem sido seguido pelos oficiais.
Os líderes do alto escalão se mantém firmes ao lado de Maduro, tentando encontrar irregularidades da oposição, em vez de se aterem ao papel de salvaguardar o voto.
Outra evidência da politização dos militares na causa chavista ocorre por meio da promoção de oficiais que são aliados do líder máximo da Venezuela, como aconteceu com o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López.
O titular do alto escalão militar precisou se aposentar por tempo de atuação, mas segue na ativa há 10 anos por motivações política, inclusive como chefe de gabinete informal do ditador - além das Forças Armadas, todos os ministros de Maduro prestam contas a ele.
Segundo o portal Infobae, diversos militares que são promovidos a posições mais altas no Exército sequer pertencem à Academia Militar. Em alguns casos, são oficiais formados pelo Corpo de Oficiais Candidatos (CAO), que fazem um curso de um ano e meio e conseguem subir rapidamente para o comando militar.
Desde que o chavismo chegou ao poder em 1999, as Forças Armadas da Venezuela têm sido um pilar para a manutenção no poder.
Nesta semana, Maduro afirmou a seguinte frase que corrobora com esse apoio: "a Força Armada Nacional Bolivariana me apoia, é chavista, é bolivariana, é revolucionária!". Atualmente, o Exército bolivariano conta com cerca de 340 mil integrantes, de acordo com as últimas contagens oficiais de 2020.