Eleitores votam atrás de cortinas em eleições na França: eventual vitória da extremadireita pode redefinir os rumos políticos do país| Foto: PASCAL ROSSIGNOL/REUTERS

Os eleitores franceses vão às urnas neste domingo (6) no primeiro turno de uma eleição regional que, se confirmadas as previsões das pesquisas, pode dar a vitória ao partido ultradireitista Frente Nacional (FN).

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Uma eventual vitória da extremadireita pode redefinir os rumos políticos do país, ainda comovido pelos atentados do último dia 13 de novembro em Paris, que mataram 130 pessoas. A segurança foi reforçada em todos os centros de votação.

Os 44,6 milhões de franceses inscritos nas listas eleitorais escolhem os novos conselhos regionais no território metropolitano e ultramar.

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O último teste político antes das eleições presidenciais de 2017 aponta que o partido liderado pela ultradireitista Marine Le Pen pode passar a controlar entre seis ou sete regiões já no primeiro turno. No segundo, marcado para o dia 13 de dezembro, esse número deve aumentar para 11, conforme as pesquisas.

Tanto em Nord-Pas-de-Calais Picardie, domicílio eleitoral de Le Pen, como em Provence-Alpes-Côte d’Azur, onde a principal candidata é sua sobrinha, a deputada Marion Maréchal-Le Pen, a Frente Nacional poderia obter 40% dos votos.

Mesmo uma única região já seria uma grande vitória para o partido, que nunca chegou a um cargo desses.

Abstenção

Sob a sombra do ataque terrorista, os analistas afirmam que só uma grande participação pode reverter a força ultradireitista. A abstenção, porém, se apresenta como o “primeiro partido da França” – a expectativa é que mais da metade da população não irá votar.

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Como outros partidos anti-imigração na Europa, o FN também se beneficia da preocupação de muitos franceses com o intenso fluxo de imigrantes refugiados ao país.

O partido, como lembrou neste sábado (5) o jornal “Le Figaro”, tem crescido desde 2007, quando registrou apenas 4,9% dos votos. Em 2012, na eleição presidencial, registrou 17,9% da preferência do eleitorado. E, em março deste ano, ficou com 25,2% no pleito departamental.

O Partido Socialista, do atual presidente François Hollande, aparece nas pesquisas apenas com o terceiro lugar, atrás dos ultradireitistas e da coalizão entre Republicanos, partido do ex-presidente Nicolás Sarkozy, União dos Democratas Independentes (UDI) e o Movimento Democrático (MoDem), cuja apoio varia entre 27% e 29% nas pesquisas.

O primeiro-ministro da França, Manuel Valls, chegou a dizer que o novo pleito deve ser a “resposta da democracia à barbárie”, mas o recente crescimento da popularidade de Hollande, que subiu 20 pontos percentuais desde os ataques, não deve se refletir nas urnas.

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Socialistas

Caso os resultados das pesquisas sejam confirmados, seria a quinta derrota dos socialistas após a chegada ao poder em 2012. Desde então, eles foram derrotados nas eleições municipais, europeias, departamentais e no pleito para escolher parte do Senado.

Para Sarkozy, que assumiu o comando de seu partido há um ano, será a oportunidade de demonstrar que superou os erros do passado. Já Le Pen chega com a intenção de impor seu partido como o primeiro da França, visando as eleições presidenciais de 2017 -caso o FN consiga ganhar um número significativo de regiões, poderá representar a primeira eleição em décadas sem a tradicional disputa entre socialistas e conservadores.

Com 13 novas grandes regiões, que após a reforma eleitoral iniciada por Hollande entrarão em vigor em janeiro, esse novo mapa administrativo pode colocar o FN perto do poder regional.

Os ultradireitistas destacaram que manterão suas listas de candidatos independentemente do que ocorrer no primeiro turno, mas os socialistas podem ser obrigados a se aliar com a direita em alguns locais, o que provocaria uma “guerra interna” nessas regiões.

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A situação é de tal complexidade que o próprio secretário de Estado de Relações com o Parlamento, Jean-Marie Le Guen, admite que não pode antecipar o resultado. Os analistas concordam que também será difícil medir o “impacto” do pleito no país.