Bagdá (Das agências internacionais) Deterioradas desde a invasão norte-americana de 2003, as relações entre as comunidades xiita, curda e sunita no Iraque pioraram ainda mais com as divergências a respeito do texto da nova Constituição, que irá a plebiscito hoje. A segurança do país foi reforçada e as fronteiras internas e externas foram fechadas para garantir que 15 milhões de eleitores possam ir às urnas. Parte da comunidade sunita rejeita a Carta por considerar que a estrutura federativa prevista no texto beneficia os xiitas, que são maioria da população, e a minoria curda.
Na terça-feira, algumas lideranças sunitas concordaram em apoiar a Constituição, depois de receber garantias de que a Carta será revisada pelo próximo Parlamento, mas outras organizações importantes dessa comunidade mantêm a determinação votar no "não".
Briga interna
Sem unidade, os sunitas estão literalmente brigando entre si. Ontem insurgentes dessa corrente religiosa atacaram várias instalações do maior partido político dos próprios sunitas em represália pelo recente respaldo de parte dos líderes à nova Carta. Os insurgentes queimaram escritórios do Partido Islâmico Iraquiano e lançaram uma granada contra a residência de um de seus líderes religiosos.
Discriminados e oprimidos durante a ditadura de Saddam Hussein (1979-2003), que privilegiava os sunitas, os xiitas agora controlam a maior parte do governo e têm sido alvo de uma campanha intensa de atentados terroristas. O principal líder terrorista em atuação no Iraque, Abu Musab Al Zarqawi, chegou a declarar um "guerra total" aos xiitas. Al Zarqawi e seu grupo não acreditam na promessa de que a Carta seja alterada depois de aprovada.
Pontos críticos
Os aspectos mais polêmicos da Constituição são a adoção do federalismo, a distribuição do petróleo, a divisão do poder nas províncias e a definição da identidade nacional do Iraque como um Estado árabe ou islâmico. Outro ponto delicado é o status da cidade de Kirkuk, localizada no norte do país e que domina uma região rica em petróleo, reivindicada pelos curdos. Os grupos determinaram que a decisão final sobre o assunto ficará para 2007.
Como uma federação pressupõe uma autonomia significativa para cada uma das suas unidades, os sunitas, por serem minoria (20% da população), temem ficar condenados à pobreza, caso sejam excluídos dos lucros produzidos nas províncias de maioria xiita e curda, ricas em petróleo.
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