Dezenas de venezuelanos realizaram nesta quarta-feira (11) uma marcha que terminou na Embaixada do Brasil em Caracas, onde entregaram uma carta direcionada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva com um pedido para que o petista intermedeie a libertação dos presos políticos da ditadura de Nicolás Maduro.
Segundo informações da agência EFE, na carta, os manifestantes destacaram que “atos de terrorismo de Estado estão sendo cometidos na Venezuela como consequência da perda de legitimidade jurídica e popular do atual governo” desde “sua derrota” na eleição presidencial de julho, cujo resultado oficial – vitória de Maduro – consideraram uma “fraude”.
“O atual governo venezuelano está implementando uma onda de repressão e perseguição política em grande escala, através de detenções arbitrárias e ilegais, assassinatos, torturas, violência sexual, desaparecimentos forçados e outros tratamentos desumanos, o que faz com que mais de 2,4 mil venezuelanos estejam injustamente privados de sua liberdade”, acrescentou a carta.
Em entrevista à EFE, Diego Casanova, parente de um dos detidos na repressão pós-eleitoral chavista, disse que foi recebido por um funcionário da embaixada, a quem o documento foi entregue.
“Ele [Lula] conhece muito bem [a situação] e sabe, em primeira mão, o que é ser preso político, por isso pedimos a intermediação dele”, afirmou Casanova.
Lula não reconheceu Maduro nem o oposicionista Edmundo González como vencedores da recente eleição presidencial venezuelana e tem cobrado, juntamente com a Colômbia, que sejam divulgadas as atas de votação por seção eleitoral do pleito.
No último fim de semana, a ditadura de Maduro fez um cerco à Embaixada da Argentina, onde estão refugiados seis membros da oposição venezuelana e cuja custódia está sendo feita pelo Brasil.
O regime chavista chegou a revogar a custódia brasileira na representação diplomática, mas o Itamaraty disse que só aceitaria transferir as funções para outro Estado indicado pela Argentina.
O cerco foi encerrado depois que González, apontado pela oposição, pelos Estados Unidos, pela Argentina e outros países como vencedor da eleição presidencial de 28 de julho, deixou a Venezuela para o asilo político na Espanha.