Maria Corina (direita) protesta contra prisão de Ledezma junto com a esposa do prefeito de Caracas preso na quinta-feira.| Foto: Miguel Gutierrez/ EFE

Após a prisão do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, os olhos se voltam para a deputada cassada María Corina Machado, que também figura na lista de acusados do governo Maduro e pode ser a próxima a ser presa. Mas ela se mantém incansável: convocou venezuelanos para passeatas e pediu uma reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA) para discutir a prisão de Ledezma, que classificou como um soco brutal na democracia na Venezuela. Reiterou cada palavra do comunicado denominado Acordo Nacional para a Transição, assinado por ela, Ledezma e o dirigente opositor encarcerado Leopoldo López, que foi considerado pelo governo parte da tentativa de golpe.

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Como a senhora descreve a situação atual da Venezuela?

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Esta é a evidência de que há uma ditadura na Venezuela. Uma ditadura militarista, com vínculos com o crime organizado e o narcotráfico. Por isso, pedimos ao mundo inteiro que levante sua voz pela Venezuela, aos governos democráticos da América Latina. É a hora de a OEA convocar uma reunião de emergência com chanceleres do Conselho permanente para avaliar a situação da Venezuela, com base na Carta Democrática Interamericana. Assim atuam as ditaduras, mas não vão nos calar. A renúncia é o mecanismo constitucional e pacífico para resolver a crise política mais profunda da história contemporânea do nosso país.

Declaração

A presidente Dilma Rousseff disse na sexta-feira (20) que a prisão do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, é assunto interno da Venezuela. A atitude do governo brasileiro tem sido a de evitar críticas diretas ao país vizinho e buscar uma mediação por meio da União das Nações Sul-americanas (Unasul).

A senhora tem medo de ser presa?

(O medo) é igual para todos os venezuelanos. Qualquer cidadão que está neste país sabe que não há justiça, não há respeito aos direitos de ninguém. Mas, acima de tudo, eu estou ciente de que é o meu dever defender os direitos de todos.

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Qual será o mecanismo da oposição frente às eleições parlamentares?

Vamos ver como abordar uma crise política monumental, a destruição do país, e buscar a transição que nos permita um processo de eleições parlamentares e a renovação dos poderes públicos, com justiça, transparência e liberdade. É o que queremos. Nosso caminho é a Constituição. É importante que o mundo saiba que pisaram em nós e que quem dá um golpe de Estado é Nicolás Maduro.

Com exceção da Colômbia e do Chile, os demais governos da região não se pronunciaram sobre a detenção de Ledezma?

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Fazemos um apelo aos governos e ao povo latino-americano. O que mais deve acontecer para que assumam que aqui existe um governo ditatorial? Existe uma responsabilidade dos governos da região e da OEA, que assinaram uma carta democrática. Pedimos uma reunião urgente para tratar a situação venezuelana. Hoje não existe mais desculpa para não assumir o que está acontecendo em nosso país. Estão prendendo políticos, estudantes, sindicalistas, defensores dos direitos humanos, empresários: toda a sociedade é objeto de perseguição e prisão. Vamos continuar nas ruas, porque Maduro deve renunciar. Essa é a única saída possível para esta crise.