O marido do brasileiro que tenta obter um visto e voltar para os Estados Unidos foi quem tomou a iniciativa de conversar pessoalmente com o senador democrata e ex-pré-candidato à presidência dos EUA John Kerry sobre o caso. Na semana passada, Kerry pediu ao Departamento de Justiça que reconsidere o caso e conceda asilo diplomático ao brasileiro .
O brasileiro Genesio Januario Oliveira Junior, de 29 anos, se casou com o americano Tim Coco em 2005, em Massachussetts, quando ainda tinha apenas o visto de turista, segundo a mídia americana. O estado americano permite o casamento homossexual, mas, pela lei federal, não garante a um estrangeiro que ele possa permanecer no país legalmente. O mesmo não ocorre em um casamento heterossexual.
Em 2007, Oliveira teve que retornar para o Brasil e, desde então, tenta uma forma de poder voltar aos Estados Unidos de vez e legalmente.
Em entrevista ao G1, por telefone, Tim Coco, de 47 anos, comentou que se encontrou em um evento com Kerry há cerca de um ano.
"Contei para ele minha história, ele ficou bem interessado. Depois, o vi duas vezes em Washington (capital) e ele disse que iria ver o que seria possível fazer", afirmou.
Em uma carta mandada na última quinta-feira (19) ao secretário norte-americano de Justiça, Eric Holder, Kerry disse que o juiz de imigração Francis L. Cramer achou convincente o testemunho de Oliveira, Contudo, o juiz negou o pedido de asilo, dizendo que ele não sofreu dano físico no episódio de sua adolescência, segundo a carta do senador. O senador afirmou que a decisão foi "ultrajante".
Oliveira, que até a tarde desta segunda-feira (23) não respondeu ao e-mail, está em Minas Gerais. O nome da cidade onde está não foi divulgado nem por Coco. "A família tem receios", disse.
Em entrevista para a mídia americana, o brasileiro disse que quer o asilo porque teme sofrer preconceito no Brasil por ser homossexual e diz que sofreu abuso sexual quando era mais jovem. "Se é ruim para um mulher, imagina para um homem", disse o americano.
Em 7 de março de 2008, Coco disse ter enviado uma carta, assinada pelo marido, para o ministro brasileiro de Relações Exteriores, Celso Amorim, com cópia para os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush, para a então secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, para o embaixador americano no Brasil Clifford Sobel e para o consulado do Brasil em Boston.
Na carta citada, que Coco também enviou ao G1, Oliveira não cita o abuso sexual e também não fala em asilo. Diz que seu marido não pode vir para o Brasil porque tem uma mãe de 82 anos doente. "Quero que seja feito de tudo para que possa voltar para a minha filha", disse ele. "Quero poder ajudar a cuidar de minha sogra", completou Oliveira.
"Não mencionamos o abuso sexual na carta porque não achamos apropriado envergonhar o governo brasileiro no mesmo tempo em que pedíamos uma assistência", afirmou Coco.
Para matar as saudades, ambos conversam através de videoconferência ou mesmo marcam encontros em um lugar neutro. "A última vez que eu o vi foi nas festas de fim de ano, quando fomos para a Inglaterra", disse Coco. "Eu até penso em morar no Brasil, mas eu trabalho por aqui, tenho uma empresa, funcionários."