Os marroquinos aguardavam neste domingo (27) os resultados definitivos das eleições legislativas, que confirmarão provavelmente a ampla vitória do Partido Justiça e Desenvolvimento (PJD), o que abriria passagem para uma coabitação entre os islamitas e a monarquia.
Depois do referendo constitucional de julho, estas eleições legislativas permitiram ao país ganhar a estabilidade desejada pelo rei Mohammed VI, que se comprometeu com uma política de reformas moderadas após a primavera árabe, que também foi sentida no reino.
Os islamitas moderados do principal partido islâmico, no entanto, ganharam sua aposta de liderar estas eleições e de dirigir o próximo governo.
Segundo os resultados oficiais de mais de dois terços do eleitorado, o Partido Justiça e Desenvolvimento (PJD) já obteve 80 assentos nas eleições de sexta-feira (25). Os resultados definitivos para os 395 deputados da câmara serão conhecidos neste domingo.
É a primeira vez que os islamitas moderados conquistam uma vitória desta magnitude na história moderna do reino, a monarquia mais antiga do mundo.
Como era esperado, o chefe do PJD, Abdelilah Benkirane, foi designado pelo rei para formar um governo de coalizão que inclua os outros partidos políticos, como é habitual na vida política deste país.
O PJD, que até agora era o primeiro partido da oposição, com 47 assentos e que jamais participou de um governo, anunciou no sábado que estava disposto a iniciar negociações com outras organizações políticas.
"Estamos dispostos a abrir consultas com os partidos, caso se confirme que somos os primeiros", declarou à AFP Abdelilah Benkirane, líder do PJD, um grupo que afirma ter uma "referência islâmica" e ser "monarquista".
Vários partidos do atual governo declararam estar dispostos a participar destas negociações. Entre eles o Istiqlal, do atual primeiro-ministro, Abbas el-Fassi, e a União Socialista das Forças Populares.
O Istiqlal, que ocupava o primeiro lugar no atual parlamento, com 52 deputados, obteve 45 assentos, segundo os números preliminares, anunciou o ministro do Interior, Taib Cherkaoui.
Este ministro também destacou uma boa participação nas eleições, com uma taxa de 45,4%, contra 37% em 2007. Este resultado foi um fator decisivo para o sucesso do PJD, graças a uma mobilização nos centros urbanos do país, onde tem mais aceitação do que campo, reduto de organizações políticas mais tradicionais e que formam parte do sistema.
O chefe do grupo parlamentar do PJD, Lahcen Daoudi, espera que seu partido conquiste "mais de 100 assentos", ou seja, um quarto da Assembleia.
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