Caindo lentamente em direção a Marte, a maior lua do planeta vermelho, Phobos, eventualmente será destruída pelas forças de maré de sua gravidade.
Seu esfacelamento daqui a entre 20 a 40 milhões de anos, no entanto, vai criar um sistema de anéis em torno de Marte que deverá permanecer na sua órbita por entre 1 milhão e 100 milhões de anos, aponta estudo de uma dupla de pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley publicado nesta terça-feira (24) no site da revista “Nature Geoscience”.
“Enquanto nossa Lua está se afastando da Terra alguns poucos centímetros por ano, Phobos está se aproximando de Marte alguns poucos centímetros por ano, então é quase inevitável que ela ou caia em Marte ou se esfacele”, diz Benjamin Black, um dos autores do estudo.
“Uma das nossas motivações para estudar Phobos é que ela é um teste de caso para desenvolver ideias sobre quais processos que uma lua deve enfrentar à medida que ela se move em direção de seu planeta”, completa.
Segundo os cientistas, a duração e o tamanho dos futuros anéis de Marte vão depender do quão coesa é Phobos e, assim, o quão próximo do planeta ela estará quando for esfacelada. Outro estudo apresentado recentemente durante reunião anual da Sociedade Astronômica Americana (AAS) sugeriu que as longas e rasas fendas vistas na superfície de Phobos são indicativos de que ela já sofre com as forças de maré do planeta, devendo ser despedaçada num prazo de 30 milhões a 50 milhões de anos.
“Se a lua se quebrar a 1,2 raio de Marte, cerca de 680 quilômetros acima da superfície, ela vai formar um anel muito fino com uma densidade comparável ao um dos anéis mais maciços de Saturno”, conta Tushar Mittal, o outro coautor do estudo.
“Com o tempo, este anel vai se espalhar e ficar mais largo, atingindo o topo da atmosfera marciana em alguns poucos milhões de anos, quando então começará a perder material porque ele vai continuamente cair em Marte”, diz.
Já se Phobos se esfacelar mais cedo, a uma altitude maior, a expectativa dos pesquisadores é de que o sistema de anéis resultante dure por pelo menos 100 milhões de anos antes de todo seu material “chover” sobre Marte.
Ainda segundo eles, não é possível saber se os anéis serão visíveis a partir da Terra, já que a poeira e destroços que o comporão não refletem muito a luz do Sol, diferentemente dos cristais de gelo que compõem os anéis que cercam os planetas mais externos do Sistema Solar, em especial os de Saturno.
Mas os anéis de Marte provavelmente refletirão luz solar o bastante para tornar o planeta um pouco mais brilhante no céu terrestre, e suas sombras poderão ser vistas na superfície marciana com ajuda de um telescópio. “Mas eles certamente serão um belo espetáculo para se ver da superfície de Marte daqui a algumas dezenas de milhões de anos”, conclui Black.
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