| Foto: ALEXIS RODRIGUEZ/AFP

Com base em análises geológicas, cientistas estão convencidos que há bilhões de anos, a superfície de Marte foi atingida por meteoritos que formaram imensos tsunamis. As ondas gigantescas marcaram para sempre a paisagem do planeta vermelho, deixando evidências que, no passado, existiam oceanos frios e salgados, talvez capazes de sustentar a vida.

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“Há cerca de 3,4 bilhões de anos, um grande impacto de meteorito desencadeou o primeiro tsunami. Essas ondas eram compostas de água líquida, e o movimento de retorno das águas para o oceano formou canais de sedimentos”, explicou Alberto Fairén, pesquisador do Centro de Astrobiologia, em Madri, e líder do estudo publicado nesta quinta-feira (19), na “Scientific Reports”, publicação da “Nature”.

Os cientistas encontraram evidências de um outro grande impacto, que desencadeou um segundo tsunami. Nos milhões de anos entre os dois incidentes, o clima de Marte se resfriou e a água se transformou em gelo. Segundo Fairén, isso pode ser observado pela presença de uma segunda linha costeira, abaixo da primeira, por causa do recuo dos níveis dos mares provocado pelo congelamento.

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O segundo tsunami formou placas circulares de gelo no continente. As ondas avançaram sobre a terra firme, mas congelaram em vez de retornarem. Isso implica que o oceano na época era ao menos parcialmente congelado.

“Nosso estudo fornece evidências sólidas para a existência de oceanos muito frios no passado de Marte”, disse Fairén. “É difícil imaginar praias californianas, mas tente visualizar os Grandes Lagos em um inverno particularmente longo e frio, essa seria uma imagem mais precisa sobre a formação de mares e oceanos de água no passado de Marte.”

Essas placas de gelo mantiveram suas bordas e formatos bem definidos, o que sugere que o antigo oceano era salgado.

“Águas frias e salgadas podem oferecer um refúgio para a vida em ambientes extremos, porque os sais podem ajudar a manter a água líquida. Se a vida existiu em Marte, essas placas congeladas são boas candidatas para a busca de assinaturas biológicas”, disse Fairén.

“Nós já identificamos algumas das áreas inundadas pelos tsunamis onde a água empoçada parece ter formado sedimentos lacustres, incluindo depósitos salinos”, disse o coautor do estudo Alexis Rodriguez, do Instituto de Ciências Planetares, em Tucson, nos EUA. “Como continuação das investigações, pretendemos caracterizar esses terrenos e avaliar seu potencial para explorações robóticas ou humanas futuras.”

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