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Oriente Médio

Massacre deixa 88 mortos na Síria

Foto tirada de celular durante manifestação contra o governo da Síria em Banias, no nordeste do país: desde o começo dos protestos, as mortes já chegam a 300 | AFP
Foto tirada de celular durante manifestação contra o governo da Síria em Banias, no nordeste do país: desde o começo dos protestos, as mortes já chegam a 300 (Foto: AFP)
Confira o cronograma dos últimos acontecimentos no país |

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Confira o cronograma dos últimos acontecimentos no país

Jerusalém - No dia mais violento desde o início dos protestos contra o regime do ditador Bashar Assad, forças de segurança da Síria abriram fogo ontem contra manifestantes. Segundo ativistas, ao menos 88 pessoas foram mortas nas manifestações de ontem, que se espalharam pelo país. Entre os mortos encontram-se um homem de 70 anos e duas crianças de 7 e 10 anos, de acordo com a Anistia Inter­nacional.

Vídeos amadores veiculados pela rede de tevê Al Jazeera mostram manifestantes aparentemente desarmados sendo atingidos por disparos quando participavam de um protesto em Homs (oeste). Testemunhas com medo de identificar-se contaram a agências de notícias que atiradores posicionados no telhado de prédios estavam atirando contra manifestantes em Hama (centro).

"Vi pelo menos duas pessoas serem mortas pelos atiradores’’, contou um morador de Hama à Reuters. O número de mortos deve crescer, aumentando os temores de uma explosão de violência hoje, à medida que os mortos forem enterrados.

Repressão

Na esteira das revoluções na Tunísia, Egito e Líbia, as cinco semanas de crescentes protestos e a repressão policial cada vez mais violenta colocaram contra a parede um dos regimes mais repressores do mundo árabe.

Desde o início dos protestos, contando com o dia sangrento de ontem, a estimativa é de que mais de 300 manifestantes fo­­ram mortos pelas forças de segurança. A estratégia do ditador Bashar Assad diante do maior desafio ao regime ditatorial que herdou de seu pai, Hafez, em 2000, tem sido uma combinação de concessões e coação.

Na véspera dos protestos de ontem, o governo da Síria anunciara o fim da lei de emergência em vigor há 48 anos no país, atendendo a uma das principais reivindicações dos manifestantes. "A medida é só cosmética’’, afirmou o professor Moshe Maoz, considerado o maior especialista israelense em Síria. "Assad não vai abrir mão de reprimir a oposição, pois é assim que ele mantém o controle.’’

Estratégia

Para Maoz, é improvável que a Síria siga o mesmo roteiro da queda de Hosni Mubarak. A diferença é que no Egito a cúpula do Exército podia colocar Mubarak para fora e continuar no poder. "Na Síria, os principais comandantes são da minoria alauíta [vertente do xiismo], a mesma do presidente. Se Assad cair, eles caem juntos’’, diz Maoz.

A maioria da população síria é sunita. Embora não seja rica em petróleo, a Síria é um país-chave na geopolítica regional, pela aliança com o Irã e a influência sobre os movimentos radicais Hezbollah (Líbano) e Hamas (Gaza).

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