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Beslan, Rússia (Reuters) — A dor misturou-se com a indignação nas ruínas da escola número 1 de Beslan, ontem, quando a cidade mobilizou-se para lembrar a invasão do local por rebeldes chechenos, em 1.º de setembro de 2004, em um incidente que deixou 331 pessoas mortas, sendo 186 crianças. Aos prantos, mães que perderam seus filhos pediram asilo no exterior, afirmando não desejar viver em um país onde as autoridades — que fizeram aumentar, segundo alguns, o número de mortos ao realizar uma tentativa fracassada de resgate — não dão valor à vida. "Nós, pais e parentes das vítimas do atentado terrorista, perdemos toda a esperança de que se investiguem de maneira objetiva as causas da tragédia e não queremos viver em um país onde a vida humana não vale nada", afirmaram em mensagem divulgada por ocasião do aniversário do episódio.

Há um ano, as crianças da escola número 1 de Beslan chegaram vestidas em suas melhores roupas para o início do ano letivo e foram surpreendidas por rebeldes fortemente armados. No ginásio de esportes, hoje destruído, mulheres encostavam a cabeça sobre fotografias dos filhos mortos, penduradas nas paredes. Cenas semelhantes se repetiram no cemitério local. A repetição de sobrenomes indica que famílias inteiras foram dizimadas no massacre. Klara Gasinova levou sua neta, Alyona, de 18 meses, para o ginásio a fim de mostrar a foto da mãe dela, Fátima, e da irmã, Kristina. As duas morreram e Alyona foi tirada da escola por um soldado. "Fomos lá, colocamos flores e acendemos velas."

Para entrar na escola, os visitantes tiveram de passar por um detector de metal, um sinal do forte esquema de segurança instalado nas escolas russas no primeiro dia do ano letivo, em meio a temores de que os rebeldes pudessem tentar outra ação do tipo para lembrar a tomada em Beslan. O presidente russo, Vladimir Putin, que ontem visitou uma universidade da cidade de Krasnodar, pediu um minuto de silêncio em memória das vítimas. Como representante máximo do governo, Putin é acusado de incompetência pelas famílias que perderam os seus em Beslan. "Hoje, um ano depois da tragédia, milhões de pessoas em nosso país e no exterior, todos os que se lembram dessa catástrofe terrível, todos os que possuem um coração, estão, claro, lembrando aquele pesadelo", disse.

Em Beslan, o primeiro dia do ano letivo para as crianças sobreviventes foi adiado em respeito aos mortos, vítimas dos rebeldes separatistas vindos da República da Chechênia, que há dez anos lutam pela independência da região.

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