Na quarta-feira (14), o jovem Nikolas Cruz saiu de um Uber, vestindo as cores da escola. Usava uma calça preta e uma camisa polo marrom com o logo da Marjory Stoneman Douglas Eagles na manga. Carregava uma mochila e uma bolsa pretos e caminhava em direção ao prédio da escola de ensino médio.
Mas se a intenção do atirador, a quem a polícia identificou como Nikolas Cruz, era disfarçar-se de estudante, ela não funcionou. Ele era muito conhecido na escola e os funcionários haviam sido avisados de que o ex-aluno problemático algum dia poderia representar um risco. Naquele dia, um dos funcionários o reconheceu instantaneamente e transmitiu um aviso por rádio para colega de trabalho.
Mesmo assim, o atirador conseguiu chegar ao prédio.
Poucos segundos depois, o mesmo funcionário ouviu tiros.
"Código vermelho!", ele transmitiu no rádio - uma chamada de emergência destinada a bloquear o campus.
Nos próximos cinco minutos, 17 pessoas foram mortas.
Antes da quarta-feira, Parkland era conhecida por ser a cidade mais segura da Flórida, com apenas sete crimes violentos relatados no ano passado. Marjory Stoneman Douglas - uma das melhores escolas da região - era conhecida por ter formado a estrela do beisebol Anthony Rizzo.
Se os alunos se sentiam seguros, era porque estavam preparados. Havia um policial armado no campus, os alunos haviam feito um treinamento de como agir em um caso de tiroteio. Mas, naquele dia, nada impediu que um homem armado entrasse no campus.
"Eles sabiam o que fazer. Sabíamos o que fazer", disse à CNN Melissa Falkowski, professora da escola. "E, mesmo assim - mesmo com isso - temos 17 vítimas".
Nikolas Cruz confessou ser o autor do atentado, de acordo com a polícia, mas os motivos que o levaram a isso ainda são desconhecidos.
Leia também: FBI foi alertado sobre Nikolas Cruz há cinco meses
O caminho do atirador
Na manhã de quarta-feira, o suspeito estava hospedado com a família de um amigo. Normalmente, o pai deste amigo levava Cruz para a escola onde ele estava estudando, mas não naquele dia. Ele havia dito que “não vou à escola no dia dos namorados”, segundo Jim Lewis, advogado que representa a família que Cruz estava hospedada.
Naquela tarde, Cruz pegou um Uber e no caminho à escola, dentro do carro, ele estava mandando mensagens de texto ao amigo cuja família o tinha recebido. Esse amigo era um dos estudantes em Marjory Stoneman Douglas. Ele estava na aula quando Cruz se aproximava da escola. Mas as mensagens de Cruz não despertaram motivos para alarme.
"Ei, ei, o que está fazendo?" foi o último texto que Cruz enviou, relatou Lewis. Era 14h18, no horário local.
Segundo a polícia, às 14h19 o homem armado chegou à escola e pegou um rifle AR-15 da bolsa preta. Três minutos depois, o tiroteio começou no primeiro andar. Depois de disparar contra alunos em quatro salas de aula no primeiro andar, a polícia disse que o homem armado subiu as escadas.
Às 214h24 o tiroteio parou. O rifle e a mochila foram abandonados em uma escada, e a polícia diz que o atirador deixou a escola junto com uma multidão de estudantes que fugiram. Ele caminhou até uma loja do Walmart nas proximidades, onde comprou uma bebida no Subway. Depois disso, ele foi ao McDonalds, sentou por um momento e seguiu adiante.
À medida que as ambulâncias começaram a levar os feridos para hospitais próximos e os alunos começaram a se reunir com seus pais, o atirador deixou o McDonald's e entrou em um bairro a cerca de 2,5 quilômetros do campus. Ele estava indo na direção oposta a sua casa, em um bairro fechado.
Uma viatura policial passou e o oficial Michael Leonard o viu. Camisa marrom, calça preta - a descrição correspondia. Mas Leonard disse que hesitou, apenas por um momento. “Será que esse seria realmente o atirador em massa que ele estava procurando? Este adolescente de mais ou menos 1,70m e 60Kg?”
"Ele parecia um estudante típico do ensino médio", disse Leonard, da Polícia de Coconut Creek.
Leonard gritou. O jovem não correu. Deitou na grama e foi algemado.
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