O norueguês Anders Behring Breivik, que matou 77 pessoas em um atentado com bomba e num tiroteio na Noruega, continua insistindo que atuou sozinho. Ele permaneceu em silêncio quando pressionado sobre potenciais aliados, em um interrogatório de dez horas na quarta-feira, disse a polícia.

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"As perguntas que ele não vai responder estão relacionadas a pessoas das quais ele pode ter tido alguma cooperação, como, por exemplo, de quem ele comprou algo ilegal", disse à Reuters o promotor da polícia Christian Hatlo.

Ele descreveu o interrogatório de quarta-feira como de tom "mais confrontativo" do que as sessões realizadas desde a prisão de Breivik.

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Hatlo disse que Breivik, de 32 anos, declarou à polícia ter agido sozinho no ataque de 22 de julho. Ele admitiu ter detonado uma bomba feita com fertilizantes em Oslo e depois dirigido por 45 quilômetros até a ilha de Utoeya para atirar contra os jovens que participavam de um acampamento do Partido Trabalhista.

"Ele falou de sua viagem para o exterior e sobre empresas com as quais teve alguma conexão, e nós temos de checar isso", afirmou Hatlo, acrescentando que a polícia está investigando viagens de Breivik a mais de dez países.

O policial informou que Breivik não recuou do comportamento "calmo" que mantém desde o ataque.

O extremista norueguês de direita escreveu em um manifesto de 1.500 páginas que pretendia espalhar pela Europa uma guerra cultural que se voltaria contra a imigração islâmica.

De acordo com a imprensa norueguesa -- que citou como fonte o defensor público nomeado para Breivik, Geir Lippestad --, o extremista impôs exigências grotescas como condição para dizer mais sobre "células" semelhantes que alega existirem na Europa, incluindo uma aparição sua na TV e a renúncia do governo da Noruega.

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"Posso confirmar que ele tem algumas exigências malucas que não se pode levar a sério", afirmou Hatlo.

Ele disse que Breivik tinha "enfrentado o isolamento" quando colocado em confinamento solitário em uma prisão de Oslo e receberá um computador, mas sem acesso à Internet.

"Ele só quer escrever", disse Hatlo.

A polícia minimizou a possibilidade de existência de uma rede de extremistas violentos como Breivik e não mudou essa avaliação após a última sessão de interrogatório. "Eu diria que estamos na mesma posição que estávamos antes", declarou Hatlo.

A ex-primeira-ministra norueguesa Gro Harlem Brundtland recordou nesta quinta-feira ter conversado com jovens na ilha de Utoeya, antes de partir da ilha num barco, horas antes da matança de Breivik.

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"Lembro-me de centenas de jovens alegres e otimistas naquela sexta-feira", disse ela. "Vejo constantemente seus rostos felizes diante de mim", acrescentou. "Esse dia ficará para sempre como um dos mais sombrios na história norueguesa, que levaremos conosco enquanto vivermos."