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James Mattis
James Mattis foi secretário de Defesa dos EUA na administração Trump| Foto: MANDEL NGAN / AFP

O general aposentado da Marinha James Mattis, que ocupou um dos cargos mais importantes da administração Donald Trump, quebrou o silêncio e nesta quarta-feira (3) criticou a postura do presidente americano em relação aos protestos contra a morte de George Floyd, dizendo que em vez de unir os americanos, Trump tenta dividir a população. É a primeira vez que o ex- secretário de Defesa americano fala sobre o governo após pedir demissão no final de 2018.

Mattis disse que estava “zangado e chocado” pela resposta de Trump. O presidente prometeu que mobilizaria militares, por meio da Lei da Insurreição, se os prefeitos e governadores não colocassem um fim à violência vista em vários atos de mobilização nos últimos dias.

“As palavras 'Justiça em Igualdade perante à Lei' estão gravadas no frontão da Suprema Corte dos Estados Unidos. É exatamente isso que os manifestantes exigem, com razão. É uma demanda saudável e unificadora - uma que todos nós devemos ser capazes de atender. Não devemos nos distrair com um pequeno número de infratores da lei. Os protestos são definidos por dezenas de milhares de pessoas de consciência que insistem em que cumpramos nossos valores - nossos valores como pessoas e nossos valores como nação”, escreveu Mattis em um comunicado.

E continua: “Donald Trump é o primeiro presidente desde que nasci que não tenta unir o povo americano - nem mesmo finge tentar. Em vez disso, ele tenta nos dividir… Estamos testemunhando as consequências de três anos desse esforço deliberado. Estamos testemunhando as consequências de três anos sem uma liderança madura. Podemos nos unir sem ele, aproveitando as forças inerentes à nossa sociedade civil. Isso não será fácil, como mostraram os últimos dias, mas devemos isso a nossos concidadãos; às gerações passadas que sangraram para defender nossa promessa; e aos nossos filhos”.

Mattis deixou o governo porque não concordava com os esforços de Trump para retirar as tropas americanas da Síria. Sua declaração vem no mesmo dia em que o atual secretário de Defesa americano, Mark Esper, revelou que se opõe ao uso de forças militares para reprimir protestos contra a morte de George Floyd.

"A opção por usar forças militares ativas para aplicar a lei deve ser usada apenas como uma última alternativa, e apenas nas piores e mais urgentes situações. Nós não estamos agora neste cenário. Eu não apoio o uso da Lei da Insurreição", disse Esper em uma coletiva de imprensa no Pentágono. "Sempre acreditei e continuo acreditando que a Guarda Nacional é mais adequada para prestar apoio interno às autoridades civis nestas situações".

Mattis também criticou a decisão do presidente de visitar a histórica Igreja Episcopal de St. John momentos depois que a polícia federal tinha afastado os manifestantes da Lafayette Square com bombas de gás lacrimogêneo. Classificou a decisão de Trump como "abuso de autoridade executiva".

"Quando entrei para o exército, há cerca de 50 anos, jurei apoiar e defender a Constituição", disse Mattis. "Nunca sonhei que as tropas que prestassem o mesmo juramento fossem, em circunstância alguma, violadas pelos direitos constitucionais de seus concidadãos - muito menos para fornecer uma foto bizarra do oponente-chefe eleito, com a liderança militar do lado".

O texto de Mattis foi publicado pela revista The Atlantic. No ano passado ele lançou um livro, mas se absteve de criticar Trump. Em entrevista à mesma publicação em outubro de 2019, o ex-secretário de Defesa disse que “quando você deixa um governo com claras diferenças de política, precisa dar às pessoas que ainda estão lá o máximo de oportunidades possível para defender o país”, mas prometeu não tornar o silêncio “eterno”.

Resposta de Trump

O presidente Donald Trump comentou a mensagem de Mattis na noite de quarta-feira. Disse que demitiu Mattis, se sentiu bem ao fazer isso e que não gostava do estilo de liderança dele.

“Provavelmente, a única coisa que Barack Obama e eu temos em comum é que ambos tivemos a honra de demitir Jim Mattis, o general mais superestimado do mundo. Pedi sua carta de demissão e me senti muito bem com isso”, tuitou Trump.

"Sua força principal não era militar, mas relações públicas pessoais. Dei a ele uma nova vida, coisas para fazer e batalhas para vencer, mas ele raramente teve sucesso. Eu não gostei do estilo de 'liderança' dele ou qualquer outra coisa sobre ele, e muitos outros concordam. Que bom que ele se foi!".

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