John McCain tomou emprestado o mote da campanha do democrata Barack Obama durante o discurso em que aceitou formalmente a candidatura do Partido Republicano à Presidência dos Estados Unidos. "Mudança", disse ele, é algo importante neste momento. "Eu também quero mudança", disse. Ele tentou se mostrar um político dissidente, independente e que pode acabar com o "rancor" entre os dois partidos.
McCain fez o discurso de encerramento a convenção do partido, em St. Pauls, Minnesota, em um clima mais íntimo e calmo de que a festa democrata, que reuniu mais de 80 mil pessoas na semana passada.
"Estou orgulhoso de ter apresentado nossa próxima vice-presidente ao país. E estou impaciente para apresentá-la em Washington. E, deixem-me dar um primeiro aviso para esse povo antigo, gastador, que não faz nada, que pensa 'primeiro, eu, depois o país' de Washington: a mudança está chegando", disse McCain.
O candidato republicano prometerá trabalhar com todos, sem isolar uma única política partidária. "O contínuo rancor partidário que nos impede de resolver os problemas não é uma causa, é um sintoma. É o que acontece quando as pessoas vão para Washington trabalhar para si mesmos, e não para vocês".
Cicatrizes
"Novamente, trabalhei com membros de ambos os partidos para resolver os problemas que precisam ser resolvidos. É assim que governarei como presidente", acrescentou. "Estenderei a mão a qualquer um que me ajudar a fazer o país avançar de novo. Tenho um histórico e cicatrizes para provar isso. O senador Obama, não."
McCain, que passou quase seis meses como refém dos norte-vietnamitas, diss que "se apaixonou" pelos Estados Unidos quando foi prisioneiro: "Nunca mais fui o mesmo. Não sou mais dono de mim, sou um homem do meu país".
"Amo (os EUA), porque, não é apenas um lugar, mas uma idéia que vale que lutemos por ela (...) Amo este país não apenas pelos muitos confortos da vida aqui, mas por sua decência, por sua fé na sabedoria, na Justiça e na bondade de nosso povo.
Confiança e gratidão
O candidato republicano iniciou seu discurso dizendo que recebia a nomeação do partido com "gratidão, humildade e confiança".
Após ser recebido com cerca de dois minutos de aplausos, McCain expressou seu agradecimento - embora sem mencionar seu nome - ao presidente George W. Bush, por "liderar o país em dias obscuros, após o pior atentado em solo americano da história".
McCain falou sobre política internacional, e disse que, se for eleito presidente, trabalhará para estabelecer boas relações com a Rússia, mas advertiu que os Estados Unidos não podem "fechar os olhos diante da agressão".
"Como presidente, trabalharei para estabelecer boas relações com a Rússia, para que não tenhamos que temer a volta da guerra fria, mas não podemos fechar os olhos à agressão ou ao que viole a lei internacional e ameace a paz e a estabilidade do mundo e a segurança do povo americano".
Apresentação
John McCain foi apresentado no palco da convenção por sua esposa, Cindy, que afirmou que seu marido é "um homem verdadeiro" que saberá "dirigir o país".
Ela também defendeu a capacidade de McCain de transformar a política americana, ao descrever seu marido como "um homem que viveu em Washington, mas que nunca foi parte de Washington".
"John é um homem de bom julgamento e de personalidade forte (...) uma pessoa que sempre diz a verdade, custe o que custar (...) e é uma pessoa amável e leal, além de magnífico marido", disse.
"Eu o amo com toda a minha alma há quase 30 anos, e com toda a humildade o recomendo como nosso candidato para ser o próximo presidente dos EUA", acrescentou.
Cindy também comentou sobre a companheira de chapa de McCain, a governadora do Alasca, Sarah Palin. "John escolheu para a Vice-Presidência uma mãe de cinco filhos que acredita na reforma, que leva seus filhos ao hóquei, que joga basquete, caça alces, pesca e carrega pistolas", indicou.
"Como uma mamãe que também leva seus filhos ao hóquei e uma mãe conservadora do oeste do país, não poderia estar mais orgulhosa de ver que John abalou o sistema, como costuma fazer", afirmou.