Foto da quando “Joe, o encanador” questionou Obama sobre seu plano de corte de impostos| Foto: Jim Young/Reuters

Nova Iorque - Apesar de pesquisas indicarem sua derrota no debate de quarta-feira, o candidato republicano à Casa Branca, John McCain, conseguiu dois feitos: dominou a cobertura da imprensa americana e conquistou um novo mote para os últimos 18 dias de campanha com a ajuda de Joe, o encanador.

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A imagem do encanador Samuel J. Wurzelbacher – o verdadeiro nome de Joe – foi transformada pela campanha de McCain em símbolo do espírito empreendedor e da classe média, muito cortejada nesta eleição. Há seis dias, Wurzelbacher questionou Barack Obama sobre sua proposta de elevar impostos para os que ganham mais de US$ 250 mil por ano, o que, para o republicano, é punir os que "realizam o sonho americano’’.

"Joe’’, citado primeiro por McCain, acabou sendo citado no debate ao menos 24 vezes, com cada candidato afirmando que seu plano econômico vai satisfazê-lo – e aos pequenos negócios – mais.

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McCain disse ontem em comício em Downingtown, Pensilvânia, que "quem venceu o debate foi Joe, o encanador’’. "Obama disse a Joe que quer distribuir a riqueza. A América não se tornou o maior país do mundo distribuindo riqueza, e sim criando nova riqueza.’’

Pela manhã, a campanha de McCain divulgou e-mails com uma entrevista de "Joe’’ à rede ABC, na qual ele afirmou ser contra a idéia de que quem ganha mais deve pagar mais. A campanha ainda divulgou um novo comercial na internet com imagens do diálogo entre Joe e Obama, afirmando que o democrata "quer elevar impostos de famílias trabalhadoras para dar dinheiro a quem não paga imposto nenhum’’.

"Essas referências têm certa reminiscência da época da Guerra Fria’’, afirmou à reportagem Alexander Keyssar, analista político da Universidade Harvard. "São parte da tradicional crítica republicana a uma suposta "luta de classes’.’’

Keyssar, porém, não acreditam que o novo mote poderá virar o jogo da disputa. "É uma tentativa de dar à campanha nova solidez retórica e talvez nova direção, mas duvido de que vá funcionar. A tática vai acabar sendo lembrada como um acessório bonitinho’’, diz.

"O eleitorado não vai se identificar com a imagem de alguém que ganha mais de um quarto de milhão de dólares por ano’’, afirmou Michael McDonald, analista do Instituto Brookings. "Essa argumentação não vai pegar.’’

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Mas o ímpeto de McCain não arrefeceu. "Vou ligar para ele’’, disse à Fox News. "Vamos passar algum tempo juntos.’’

Classe média

Obama respondeu dizendo que "não conhecem muitos encanadores que ganham US$ 250 mil por ano’’. Ele promete cortar impostos para 95% dos americanos que não atingem essa renda.

Em 2007, a renda média das famílias americanas era de US$ 50,2 mil. Das 116 milhões de famílias do país, 2,5% ganham mais de US$ 250 mil por ano.

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