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Hospitais chineses matam recém-nascidos e realizam abortos tardios na tentativa de diminuir a população muçulmana uigur na China, disse uma médica que trabalhou em Xinjiang, província chinesa onde a etnia está concentrada, e atualmente mora na Turquia.
Em uma entrevista na segunda-feira à Radio Free Asia, Hasiyet Abdulla falou sobre seus 15 anos de trabalho em hospitais de Xinjiang como médica uigur. A China aprovou uma lei em 2017 que ordena que os uigures e outras minorias não tenham mais do que três filhos nas áreas rurais e dois filhos nas áreas urbanas. Abdulla disse que as famílias que atingiram esse limite foram forçadas a abortar seus bebês em gestação.
Esses abortos forçados ocorreram quando a mãe estava "grávida de oito e nove meses", disse Abdulla à Radio Free Asia. A médica acrescentou que a equipe do hospital ocasionalmente "até matava os bebês depois que eles haviam nascido".
"Eles não davam o bebê aos pais - eles matam os bebês quando nascem", disse ela.
"É uma ordem dada de cima, é uma ordem que foi impressa e distribuída em documentos oficiais", disse ela. "Hospitais são multados se não cumprirem, então é claro que eles fazem isso".
Uma investigação da Associated Press, publicada em junho, descobriu que o governo chinês busca reduzir as taxas de natalidade de uigures e outras minorias. As estatísticas mais recentes mostram que entre 2015 e 2018 as taxas de natalidade em regiões predominantemente uigur da China caíram mais de 60%. Em Xinjiang, as taxas de natalidade caíram quase 24% só no ano passado.
Os pais chineses com vários filhos são frequentemente enviados para campos de detenção ou sujeitos a multas pesadas e batidas policiais em suas casas em busca de crianças escondidas, segundo a reportagem da AP, que também constatou que as mulheres uigures são regularmente obrigadas a passar por exames de gravidez, forçadas a usar dispositivos intrauterinos e forçadas a abortos e esterilização. Em Xinjiang, o uso de DIUs e esterilização aumentou drasticamente, embora o uso dessas medidas tenha diminuído no resto do país.
A China nega as acusações. Em abril, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país tuitou: “Não há absolutamente nenhum ‘prisioneiro religioso’ ou ‘detenção de um milhão de muçulmanos de Xinjiang’ na China. Exortamos os EUA a pararem de fazer manobras políticas e calúnias”.
© 2020 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.