O médico do cantor Michael Jackson, Conrad Murray, disse nesta terça-feira (27), durante seu julgamento, que o ídolo pop se matou. O promotor acusa Murray de "negligência grave".

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No início do julgamento, o advogado de Murray disse que o cantor tomou dois medicamentos diferentes enquanto o médico se ausentou de seu quarto, em 25 de junho de 2009. Jackson morava em uma mansão alugada.

Ed Chernoff afirmou que o cantor ingeriu oito comprimidos de 2mg de Lorazepam, o que elevou a concentração desse ansiolítico em seu sangue para 0,169 microgramas por mililitro, quantidade que poderia colocar para dormir seis pessoas.

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"Ele fez isso sem o conhecimento e sem a permissão de seu médico, contrariando as suas recomendações. Isso causou a sua morte", alegou o advogado, acrescentando que o cantor, que tinha 50 anos, também tomou uma dose extra do sedativo propofol, que usava para conseguir dormir.

"Provas científicas irão mostrar que, quando o Dr. Murray deixou o quarto, Jackson administrou em si mesmo uma dose de propofol que, com o lorazepam, bombardeou o seu corpo. A combinação o matou instantaneamente. Ele morreu tão rapidamente, tão instantaneamente, que não teve tempo nem de fechar os olhos", descreveu o advogado.

Murray, 58, pode pegar até quatro anos de prisão se for condenado por homicídio culposo pelo júri, formado por sete homens e cinco mulheres. Ele é acusado de ter administrado em Jackson uma dose excessiva de propofol - que o cantor chamava de "leite" -, para combater sua insônia crônica.

Murray, treinado como cardiologista, nunca negou ter prescrito propofol - usado como anestésico em cirurgias - a Jackson, mas negou ter "abandonado o paciente" no momento de sua morte.

Na declaração inicial da promotoria, o promotor David Walgren, disse que "as provas mostrarão que Michael Jackson literalmente entregou sua vida nas mãos de Conrad Murray. Essa confiança indevida custou sua vida".

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Walgren afirmou que Murray era mais motivado por seu contrato de 150 mil dólares com o cantor do que por seu dever de cuidar de Jackson. Ele reproduziu uma gravação em que o cantor, aparentemente dopado, conversava com Murray com uma pronúncia inarticulada, sugerindo que o médico tinha conhecimento do quão doente Jackson estava.

A mãe do cantor, Katherine, e o pai dele, Joe, compareceram ao tribunal, assim como os irmãos de Jackson Jermaine, Janet, LaToya, Randy, Tito e Rebbie. Trezentos fãs e curiosos se aglomeravam em frente ao prédio, alguns chamando Murray de assassino. Uma mulher tentou agredir o médico antes do julgamento, mas foi impedida pelos seguranças.

A primeira testemunha a depor deve ser Kenny Ortega, produtor dos shows da turnê "This Is It".

Fãs de Jackson defendem uma acusação mais severa contra Murray. Dez integrantes da organização Justice4mj concentravam-se em frente ao tribunal, vestindo camisetas pretas com o nome do grupo estampado.