O médico que ajudou na captura de Osama bin Laden disse que não sabia que estava ajudando nas buscas da CIA pelo terrorista mais procurado do mundo e que os militares paquistaneses consideram os EUA como seus piores inimigos.
Em sua primeira entrevista depois de ter sido preso pela agência de inteligência paquistanesa, a ISI, Shakil Afridi disse à emissora Fox News que agentes do Paquistão impedem que americanos interroguem radicais detidos, que são diariamente libertados para que voltem para o Afeganistão e continuem ataques contras as forças da Otan.
"É indiscutível o fato de que extremistas no Paquistão são apoiados pela ISI. (...) A luta do Paquistão contra os radicais é uma farsa. Serve somente para conseguir dinheiro dos EUA", disse o médico, em referência aos US$ 23 bilhões que o governo americano deu às forças paquistanesas desde o 11 de setembro.
Afridi também denunciou que a ISI foi responsável pela criação do grupo de extremistas Haqqani, um dos braços da al-Qaeda e que promove ataques contra forças ocidentais. Após tentar fugir para o Afeganistão, cerca de vinte dias depois que Bin Laden foi morto, em 2011, ele foi detido como traidor por militares paquistaneses, que o torturaram por meses.
Segundo o médico, ele foi interrogado com queimaduras de cigarro e choques elétricos. Enquanto esperava por seu julgamento, no qual foi condenado a 33 anos de prisão, ele conta que permaneceu pelo menos oito meses vendado e algemado em um cárcere da ISI em Islamabad.
"Eu tinha que me ajoelhar para comer para comer somente com a boca, como um cachorro" , afirma.
O médico contou também que era forçado a escrever declarações à imprensa sob a ameaça de mais tortura. Ele não quis detalhar como se envolveu com os agentes da CIA, mas garantiu que não sabia que o alvo da ação era Osama bin Laden.
"Eu não sabia que o trabalho que havia feito tinha como alvo uma pessoa específica ", disse ele. "A casa onde vivia Bin Laden era famosa, chamada de Waziristan House. Eu sabia que havia alguns terroristas vivendo ali, mas não sabia quem. Eu fiquei chocado. Não acreditei que eu estava ligado àquele assassinato", afirmou.
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