Pesquisadores de Minnesota, nos Estados Unidos, conseguiram acabar com o câncer de sangue de uma mulher injetando-lhe uma dose grande de uma cepa geneticamente modificada do vírus do sarampo, informou a Clínica Mayo em um estudo ao qual a reportagem teve acesso nesta quinta-feira (15).
Durante um teste no ano passado, pesquisadores da clínica descobriram que uma cepa geneticamente modificada do vírus do sarampo do tipo MV-NIS acabava com as células de mieloma múltiplo, um tipo incurável de câncer de sangue que afeta os plasmocitos na medula óssea.
Uma das duas pacientes do estudo foi Stacy Erholtz, de 49 anos, e que há uma década padecia de mieloma múltiplo.
Seu câncer remeteu completamente por causa do tratamento com o vírus MV-NIS modificado, e, após seis meses, não reapareceu.
"Acho que é simplesmente incrível. Quem teria pensado nisso?", disse Stacy em um vídeo enviado à reportagem junto com o estudo médico, publicado esta semana na revista Mayo Clinic Proceedings.
"Aparentemente, me injetaram o suficiente para vacinar 100 milhões de pessoas, o que é alarmante. Felizmente, não me inteirei disso até após receber o tratamento", acrescentou a paciente.
Segundo o hematólogo Stephen Russell, principal autor do estudo, os pesquisadores trabalharam durante uma década para pôr em prática "um conceito muito simples", o de que "os vírus entram naturalmente no corpo e destroem os tecidos".
Em termos simples, o vírus fez com que as células cancerígenas se juntassem e se desintegrassem, segundo explicou Angela Dispenzieri, outra das autoras do estudo e especialista em mieloma múltiplo.
Além disso, "há indicações que (o vírus geneticamente modificado) pode estimular o sistema imunológico para que reconheça melhor as células cancerígenas e ajude a lutar contra elas de forma mais eficaz", comentou Dispenzieri.
O estudo inscreve-se dentro da pesquisa com viroterapia oncolítica, que consiste no uso de vírus modificados geneticamente para que infectem as células tumorais, mas respeitem os tecidos normais.
Os pesquisadores fabricaram para o estudo uma cepa de vírus altamente concentrada e que ao mesmo tempo não provoca efeitos graves nos tecidos saudáveis, segundo a Clínica Mayo.
O segundo paciente do estudo não respondeu tão bem ao tratamento, mas, em seu caso, os pesquisadores puderam comprovar por meio de imagens de alta tecnologia que os vírus administrados por via intravenosa se dirigiam especificamente às áreas com crescimento de tumores, indicou o estudo.
Os pesquisadores preparam agora uma segunda fase do teste clínico com mais doses do vírus, e querem testar se sua eficácia aumenta ao combiná-lo com a radioterapia, com a ideia de obter nos próximos anos o sinal verde da Administração de Alimentos e Remédios dos EUA (FDA) para expandir o uso do tratamento.
"Este é o primeiro estudo que estabelece a viabilidade da viroterapia oncolítica sistêmica para um câncer disseminado", ressaltou Russell.
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