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Condições precárias

Médicos cubanos denunciam colapso depois que ditadura tenta culpá-los pela crise da Covid

Mulher espera em frente a um mercado para fazer suas compras em Havana, 17 de agosto. Cuba registrou números recordes de Covid-19 nesta semana (Foto: EFE/ Ernesto Mastrascusa)

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Pela segunda vez nesta semana, grupos de médicos cubanos denunciaram o colapso do sistema de saúde e repudiaram declarações do primeiro-ministro de Cuba, Manuel Marrero, que acusou profissionais da saúde de "negligência" em seu trabalho contra a Covid-19, na semana passada. Manifestações desse tipo por médicos são raras na ilha, onde o serviço de saúde é tido como orgulho da ditadura e as críticas são silenciadas.

"O colapso sanitário não é culpa dos médicos", disseram mais de vinte profissionais de saúde em um vídeo divulgado no sábado em resposta a Marrero. Eles também denunciaram as condições precárias de trabalho que estão enfrentando.

Após esse primeiro vídeo, o regime respondeu com mensagens de apoio aos médicos. No entanto, alguns dos profissionais de saúde relataram represálias em seus locais de trabalho.

Na quarta-feira (18), médicos da província de Holguín exigiram respeito ao seu trabalho e reclamaram da falta de insumos para cuidar de pacientes de Covid-19 enquanto os casos disparam na localidade.

"Denunciamos veementemente o colapso sanitário na província de Holguín e exigimos que sejamos tratados com respeito e que nos sejam fornecidos os meios de proteção adequados para podermos trabalhar", afirmou Reinier Ávila, especialista em Medicina Interna em vídeo.

"Os problemas não são subjetivos, são objetivos, são culpa de vocês, que nos comandam. Resolvam estes problemas para que possamos salvar mais vidas", reclamou Alexander Jesús Figueiredo Izaguirre, médico internista de Holguín, em suas redes sociais.

Izaguirre também exigiu um relatório com o número real de vacinados contra Covid-19, casos e mortes pela doença nos últimos dias. Em entrevista ao jornal independente 14ymedio, o médico conta que desde fevereiro está denunciando a má gestão da pandemia pela autoridades de Cuba.

O médico explicou que fez reclamações diretas aos organismos de Estado sobre as condições precárias do sistema de saúde pública nos centros de isolamento e hospitais, incluindo falta de insumos, de recursos humanos, e "muita negligência". Por isso, foi chamado de "contrarrevolucionário" e foi expulso por cinco anos do setor de saúde pelas autoridades, que invalidaram a sua habilitação de médico por esse período.

Em tentativa de conter a revolta dos médicos com a situação, o jornal estatal Granma na quarta-feira fez elogios aos médicos em matéria de primeira página com fotos dos profissionais. "Graças aos nosso heróis, médicos, enfermeiras, técnicos, pessoal de apoio, estudantes", afirmou o veículo de imprensa oficial da ditadura.

Cuba tem registrado um aumento acentuado de infecções por Covid-19 desde julho. Na terça-feira, o país teve recorde de casos diários da doença, com a confirmação de 9.772 diagnósticos positivos, o maior número registrado desde o início da pandemia.

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