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Cuba

Médicos cubanos no exterior vivem condições de escravidão, dizem ONGs

Médicos cubanos participam de ato de despedida do grupo, momentos antes de partir para a África do Sul, no início da pandemia de coronavírus, em 2020 (Foto: EFE/Ernesto Mastrascusa)

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As ONGs Prisoners Defenders, Outreach Aid to the Americas e Fundação Internacional para a Liberdade (FIL) denunciaram na quarta-feira (25) na Cidade do México que médicos cubanos em missões estatais no exterior trabalham em condições de "escravidão moderna".

A denúncia, baseada em um relatório apresentado no último mês de janeiro, ocorre em meio à polêmica sobre o recente anúncio sobre a contratação de 500 médicos cubanos pelo governo mexicano, uma decisão criticada pela oposição e pelas faculdades de medicina do país.

As ONGs argumentam que as chamadas missões de internacionalização cubana - das quais participam principalmente médicos, mas também outros profissionais - são a maior fonte de divisas do país.

“É aí que reside o poder econômico de Cuba, na escravidão”, denunciou Javier Larrondo, presidente da Prisoners Defenders. Segundo as estimativas, essas missões arrecadaram até US$ 8,5 bilhões por ano, conforme a denúncia enviada em 2019 ao Tribunal Penal Internacional (TPI) e à ONU por essas ONGs.

Larrondo detalhou que, em 2020, em uma missão anterior de médicos cubanos ao México, cada um dos 585 participantes recebeu US$ 724 por três meses de trabalho (US$ 400 no México e o restante no retorno a Cuba), enquanto as autoridades mexicanas confirmaram que pagaram a Cuba US$ 10.750 por cada um.

Por sua vez, a vice-presidente do Parlamento Europeu, Dita Charanzova, comentou que "mais de 80% do dinheiro que Cuba arrecada para as brigadas médicas vai para o regime e não para os médicos cubanos".

Apesar das críticas, o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, defendeu a missão. "Por que não ter os médicos? Que os conservadores, egoístas, hipócritas saibam que não vamos dar um passo atrás", declarou López Obrador em entrevista coletiva no último dia 18 de maio.

O Ministério da Saúde mexicano informou em meados deste mês que o acordo, assinado durante a recente visita de López Obrador a Cuba, é válido por dois anos e pode ser modificado por mútuo consentimento ou rescindido a qualquer momento.

A denúncia

A denúncia publicada por essas ONGs em janeiro tem mais de mil depoimentos e, entre as constatações, destaca-se que 75% de seus participantes afirmam que não foram voluntariamente às missões.

Além disso, 87% asseguraram que fatores econômicos influenciaram sua decisão e 41% sofreram algum tipo de assédio sexual por parte de funcionários do Estado – conhecidos como chefes de missão – que os acompanharam no trabalho.

As associações destacaram que, de acordo com a chamada "lei de oito anos", os profissionais que deixam sua missão prematuramente ou não retornam imediatamente após concluí-la estão proibidos de entrar em Cuba durante esse período.

A coletiva de quarta-feira mudou de local pouco antes do horário previsto para começar. O evento iria acontecer no Museu da Memória e da Tolerância. Os convocadores alegaram ter recebido “extorsões do Partido Comunista do México" e o estabelecimento disse que não poderia garantir a segurança.

Larrondo também declarou que recebeu o pedido de que não criticassem o presidente López Obrador. "Restringir a liberdade de expressão não pode ser a bandeira de nenhum partido que se diga ser de esquerda", lamentou.

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