Centenas de médicos e funcionários de hospitais da Venezuela realizaram uma manifestação nesta sexta-feira em protesto contra a presença no país de milhares de médicos cubanos contratados pelo governo. Segundo os manifestantes, os estrangeiros estariam tirando o emprego dos venezuelanos.
Usando jalecos brancos de médicos e agitando a bandeira do país, os manifestantes acusaram o presidente Hugo Chávez de usar o dinheiro obtido com a venda do petróleo para pagar mais de 20 mil médicos e dentistas vindos de Cuba, que atendem gratuitamente a população pobre do país.
Os venezuelanos reclamaram que muitos médicos não conseguiam encontrar emprego e que o governo Chávez enchia as clínicas dos médicos cubanos com remédios e máquinas modernas, ao mesmo tempo em que os hospitais públicos careciam de equipamentos básicos.
"Os chamados médicos cubanos ganham mais que os venezuelanos. Fora invasores!", dizia uma faixa carregada pelos manifestantes.
- Os médicos venezuelanos recebem mal e muitos estão desempregados - afirmou o traumatologista Pedro Carvallo.
Os cubanos trabalham em bairros pobres de cidades venezuelanas e na zona rural por meio de um programa de cooperação firmado por Chávez e por seu aliado Fidel Castro, dirigente da ilha comunista.
O programa de saúde iniciado dois anos atrás e chamado "Barrio Adentro" é bastante popular entre os simpatizantes do presidente e o ajudou a vencer o plebiscito do ano passado, que confirmou a manutenção dele no poder.
Segundo Chávez, a maior parte dos profissionais da área de saúde da Venezuela recusa-se a entrar nas favelas pobres e violentas de Caracas (capital) e de outras cidades.