O grupo humanitário Médicos Sem Fronteiras (MSF) negou neste domingo que os combatentes do Taliban tenham disparado a partir de um hospital no Afeganistão antes de um ataque mortal atingir o prédio. O local foi evacuado e fechado. Ao menos 19 pessoas morreram após um ataque ao hospital que supostamente foi liderado por forças norte-americanas na cidade Kunduz.
Em Cabul, o Ministério da Defesa disse que os combatentes Taliban atacaram o hospital e eles estavam usando o edifício como “escudo humano”. Mas o Médicos Sem Fronteira nega essa versão. “Os portões do complexo hospitalar são fechados toda noite, então nenhum dos presentes era estranho na equipe do hospital...”, afirmou a organização.
Após o ataque, o grupo humanitário evacuou sua equipe na cidade de Kunduz. O encerramento das atividades do centro médico terá consequências graves para a população civil, que se vê em meio aos combates entre o exército afegão e seus aliados americanos e os rebeldes do Talibã, que desejam tomar a cidade. Este era o único hospital com capacidade para tratar ferimentos graves em toda a região.
“O hospital do MSF não pode mais funcionar. Os pacientes em estado crítico foram transferidos para outras instalações médicas. Nenhum funcionário do MSF trabalha no hospital”, informou um porta-voz da organização no Afeganistão, que não informou se o centro de traumatologia será reaberto em algum momento.
Ataque
Durante a madrugada de sábado, o edifício foi bombardeado pelo menos durante uma hora, embora o MSF tenha alertado ambos os lados — o exército rebelde e as forças norte-americanas — logo no início dos disparos. O ataque matou pelo menos 19 pessoas, sendo 12 funcionários do hospital e sete pacientes, incluindo três crianças. Outras 37 pessoas ficaram feridas.
O Exército dos EUA disse que realizou um ataque aéreo perto do hospital, em uma tentativa de subjugar os insurgentes do Taliban que estavam atirando diretamente contra as forças americanas. A cidade tem sido palco de violentos combates desde que combatentes talibãs foram capturados há quase uma semana.
Em um comunicado divulgado na noite de sábado, o presidente Barack Obama ofereceu suas condolências pela vítimas do que ele chamou de “um incidente trágico”. “Bombardear um hospital em plena operação nunca pode ser uma medida justificada”, acrescentou. O governo dos EUA prometeu fazer uma investigação sobre o incidente, enquanto o chefe de Direitos Humanos da ONU disse que o bombardeio poderia representar um crime de guerra.
Testemunhas dizem que pacientes morreram queimados em um ala abarrotada do hospital após o ataque. Entre os mortos, três crianças estavam sob tratamento. A equipe de MSF telefonou para autoridades da Otan em Cabul e Washington, após o início do ataque, mas o bombardeio continuou por cerca de uma hora, disse um dos os integrantes do grupo de apoio.