A Associação de Médicos Turcos denunciou neste domingo (16) que a polícia turca fez um uso "selvagem" de gás lacrimogêneo para reprimir os protestos antigovernamentais que abalam o país há quase três semanas.

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"Desde o dia 31 de maio, a polícia tenta reprimir as manifestações pacíficas e legítimas com um uso selvagem de gás lacrimogêneo contra massas de civis desprotegidos", indicou em comunicado a associação, que, por sua vez, representa 80% dos médicos da Turquia.

"Pedimos ao governo que ponha fim imediatamente a esta violência bárbara e fazemos um pedido urgente à comunidade internacional para que atue contra a repressão brutal das exigências democráticas", completou o texto.

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A instituição médica também denuncia que na noite de sábado (15, quando a polícia despejou com extrema contundência os manifestantes concentrados na Praça Taksin de Istambul e do parque Gezi (objeto dos protestos antigovernamentais), a assistência médica aos feridos foi dificultada e, até mesmo, suspensa pelos policiais.

Durante a última semana, a associação indicou que conduziu uma pesquisa na internet para avaliar o efeito do gás lacrimogêneo nos manifestantes.

Nesta, mais de 11 mil pessoas alegaram ter sofrido com os efeitos do gás, 65% deles com idade entre 20 e 29 anos. A instituição médica estima que 11% das pessoas entrevistadas foram expostas ao gás durante mais de 20 horas e, entre uma e oito horas, 53%.

"Ficar exposto ao gás mais de um dia aumenta o risco de problemas cardiovasculares", ressaltou a associação.

Até ontem, 7% dos entrevistados, 788 pessoas, alegaram ter sofrido ferimentos pelo impacto de bomba de fumaça, frequentemente na cabeça, nos olhos, no tórax e no abdômen, em áreas que podem causar riscos fatais, assinalou a associação.

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Os médicos também criticaram que apenas 5% dos feridos são encaminhados aos hospitais, já que, como os mesmos são fichados como manifestantes, muitos preferem evitar os centros médicos com medo de uma possível prisão.

O comunicado lembra que o Ministério da Saúde abriu uma investigação contra o Colégio de Médicos de Istambul por organizar o trabalho de médicos voluntários para atender os feridos nos confrontos contra policiais.

"Há uma caça de bruxas contra os médicos", concluiu o texto, ao assinalar que pelo menos um médico e um estudante de medicina foram detidos em Istambul.

O próprio governador de Istambul, Hüseyin Avni Mutlu, admitiu hoje que a polícia deteve vários médicos durante os confrontos, embora tenha justificado a medida citando que os mesmos estavam "ajudando os manifestantes".