Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Análise

Medidas austeras devem agravar tensões sociais no país

Carlos Magno Esteves Vasconcellos, professor de Relações Internacionais do Centro Universitário Curitiba (Unicuritiba), diz que seria preciso saber o grau de comprometimento dos bancos franceses e alemães diante da dívida grega para ter uma ideia mais clara da situação e do que fazer com ela.

Para Vasconcellos, mesmo com a ajuda externa, a situação da Grécia continuará "tensa" porque a aprovação ontem do pacote de austeridade deve agravar as tensões sociais. Ainda assim, "aprovar um programa com um custo social altíssimo ainda é a alternativa menos dramática", diz.

"Não é o país que está em crise. Na verdade, a Grécia é o país em que a crise está mais acentuada neste momento", explica o professor, para quem os gregos são a bola da vez e é só uma questão de tempo até que a crise pegue outros países. "A crise global está longe de ser solucionada. Ela é sistêmica."

Uma solução radical, aventada pela Europa e pelos EUA, seria o país abandonar o euro. Em texto para o jornal The New York Times, o economista Desmond Lachman defendeu essa saída. "Deixar o euro será uma experiência traumática, mas aceitar as condições do Fundo Monetário Internacional (FMI) deve exacerbar a recessão grega", afirmou Lachman.

Rebatendo a afirmação do economista, também para o jornal nova-iorquino, o professor de Filosofia do Direito Aristides N. Hatzis, da Universidade de Atenas, diz que "deixar o euro seria devastador tanto para gregos quanto para a zona do euro".

Hatzis descreve a Grécia como um "paraíso" para oligopólios. Um lugar em que a sonegação de impostos é "socialmente aceita e politicamente desculpada". "A combinação de corrupção e oportunismo político criou a tempestade que se vê hoje. Mas a Grécia tem sorte. A opção argentina (que incluiu um período de tempo em que mais de 25% dos argentinos viveram em pobreza extrema) está fora de questão para um membro da União Europeia", afirmou o acadêmico.

Na opinião do professor da universidade ateniense, o FMI, os EUA, a Alemanha, o Banco Central Europeu e a União Europeia farão de tudo para evitar as conse­­quências de um temido calote da Grécia.

Para analistas estrangeiros, a crise na Grécia é uma prova da necessidade de se modernizar a economia europeia. As 27 nações que formam a união vivem há anos em regime de austeridade.

O professor Carlos Magno Esteves Vasconcellos fala que o crescimento na Europa é muito baixo há cerca de 20 anos. "A economia mundial anda capenga", diz.

Entre as consequências que Vasconcellos vê para o pacote aprovado ontem está o desemprego (hoje em preocupantes 40%), recessão (o país para de crescer por alguns anos) e a deterioração dos serviços públicos na Grécia (demissões devem ser promovidas debaixo da ideia de "corte de gastos").

"O peso da Grécia é relativamente pequeno. A crise grega não vai representar transtorno para as exportações do Brasil, por exemplo", diz Vasconcellos. Não está claro se a economia grega pode arrastar o mundo consigo, mas a crise no país não melhora em nada o cenário internacional.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.