O vídeo, editado com hinos religiosos docemente cadenciados, é arrepiante. Militantes islâmicos são mostrados batendo à porta de um major da polícia sunita na calada da noite em uma cidade iraquiana. Quando ele responde, eles o vedam e o algemam. Em seguida, cortam sua cabeça com uma faca, no interior do quarto do policial.
O vídeo de 61 minutos foi recentemente publicado na internet pelo Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), um grupo dissidente da Al-Qaeda formado por extremistas sunitas. A intenção era aterrorizar os sunitas das forças do Exército e da polícia do Iraque, e atacar ainda mais o moral baixo desses grupos.
Esse medo é um dos fatores por trás do colapso impressionante das forças de segurança iraquianas quando rebeldes do EIIL invadiram as cidades de Mossul e Tikrit na última semana e ocuparam uma vasta faixa de território de maioria sunita.
Na maior parte dos casos, a polícia e os soldados simplesmente fugiram, por vezes, abandonando uniformes e arsenais de armas pesadas.
Muitos sunitas das Forças Armadas não estão preparados para morrer lutando em nome do governo xiita, liderado pelo premiê Nouri al-Maliki, que muitos da comunidade minoritária no país acusam de atuar contra os sunitas. O EIIL tem explorado isso, divulgando-se como defensor dos sunitas contra os xiitas.
Já os xiitas nas Forças Armadas, por sua vez, sentem-se isolados e profundamente vulneráveis tentando proteger as áreas de maioria sunita.
A deserção foi numerosa nos últimos seis meses entre as forças da província ocidental de Anbar, reduto sunita do Iraque, onde as tropas vêm lutado em vão para expulsar combatentes do EIIL que assumiram a cidade de Falluja, disseram dois altos funcionários um do governo e outro de serviços de inteligência iraquiana.
As avaliações de inteligência mostram que muitos dos 52 mil policiais e 12 mil soldados em Mossul se renderam, entregando suas armas em troca de passagem segura para fugirem da região.