Cientistas testaram o suor exalado por paraquedistas no salto inaugural: feromônios aterrorizados| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

O cheiro do medo, um dos clichês mais batidos do cinema, pode de fato existir, alegam cientistas. As pessoas podem inconscientemente perceber se alguém está estressado ou assustado se conseguirem detectar o cheiro de um feromônio liberado pelo suor, conforme revelam pesquisadores que investigaram as secreções liberadas pelas axilas de paraquedistas.

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Ao analisar tomografias de voluntários, a equipe de cientistas descobriu que o cheiro deste suor desencadeou uma reação em regiões do cérebro associadas ao medo. A pesquisa sugere que, assim como várias espécies de animais, os seres humanos conseguem detectar e subconscientemente reagir a feromônios liberados por outras pessoas.

A pesquisa foi custeada pela Agência de Projetos de Pesquisa Avançada da Defesa Norte-Americana – o departamento de pesquisa militar do Pentágono – e acabou por levantar especulações e suspeitas se este seria o primeiro passo para se isolar o ferormônio do medo e utilizá-lo belicamente como indutor do pânico em tropas inimigas. O instituto nega possuir qualquer plano militar sobre isso.

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Experimento

Chumaços de material absorvente foram atados às axilas de 20 paraquedistas novatos – 11 homens e 9 mulheres – em seu salto inaugural. O material já se encontrava ensopado antes mesmo que os paraquedistas saltassem do avião. Para efeitos de comparação, a equipe também coletou o suor dos mesmos indivíduos ao correrem em uma esteira pela mesma duração de tempo que levou o processo do salto de paraquedas.

A equipe então transferiu as duas amostras de suor de cada indivíduo para nebulizadores e solicitou a voluntários que as cheirassem. A equipe não contou aos voluntários qualquer detalhe sobre a experiência. O jornal científico New Scientist informou que a amídala e o hipotálamo (regiões do cérebro associadas ao medo) ficaram mais ativos nos voluntários que cheiraram o suor "do medo". Os voluntários analisados não foram capazes de distinguir conscientemente os dois tipos de suor. Durante uma conferência realizada ano passado, a pesquisadora responsável, Lilianne Mujica-Parodi, da Universidade Stony Brook do estado de Nova Iorque, comentou: "Demonstramos aqui a primeira evidência direta da existência de um ferormônio humano de alarme... nossas descobertas indicam que pode existir um componente biológico não-aparente atuando na dinâmica social humana, na qual o estresse emocional é, literalmente, 'contagioso'".

Simon Wessely, psiquiatra do Centro King para Pesquisa Militar sobre Saúde da Universidade King's College, em Londres, disse que a ideia de que o feromônio do medo possa ser transformado em uma arma química é cientificamente improvável. Ele alega que uma reação meramente fisiológica não seria suficiente para espalhar o terror.

Tradução: Thiago Ferreira

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