Washington George W. Bush precisou de US$ 367,2 milhões (R$ 695 milhões) para se reeleger presidente dos Estados Unidos em 2004. Hoje, tanto o Partido Republicano quanto o Democrata calculam que, para chegar à Casa Branca, um candidato terá de arrecadar pelo menos US$ 500 milhões (R$ 945 milhões).
Isso fez com que a campanha eleitoral, desta vez, começasse tão cedo. Era necessário mais tempo para juntar recursos. E isso fez com que ela se tornasse basicamente uma corrida pelo dinheiro.
"A gente ouve falar mais sobre quantos dólares os candidatos levantam mês a mês do que sobre o seu programa de governo"queixou-se Drew Johnson, proprietário de um bar, sintetizando o sentimento do eleitorado.
Para onde vai tanto dinheiro? Para criar e lustrar a imagem dos candidatos. Os profissionais que trabalham nos bastidores da campanha, e que dizem saber mais sobre o eleitorado do que os próprios políticos, admitem que a política, os temas essenciais, só ganharão mais destaque ou seja, serão discutidos mais detalhadamente daqui a um ano.
O importante, dizem, é criar sensações, percepções. E para isso é preciso muito dinheiro. Ele é investido em quatro áreas básicas: consultores de mídia, pesquisadores de opinião, consultores de propaganda via mala direta e, por fim, consultores em temas específicos.
"É preciso entender que neste país não existe, no fundo, uma eleição nacional. Tratam-se, na verdade, de 50 eleições. Uma em cada estado, já que cada estado tem o seu peso específico no colégio eleitoral. E isso exige cada vez mais dinheiro" justificou Kiki McLean, chefe dos consultores da Dewey Square, que trabalha para o Partido Democrata.
Ela lembrou, porém, que de nada adianta acumular uma fortuna se ela não for bem empregada: É preciso gastá-la na hora certa e no local certo. Do contrário ela sai pelo ralo, sem ter efeito algum.
Seu colega, Pete Snyder, executivo-chefe da New Media Strategies, consultora que trabalha para o Partido Republicano, disse que o desafio crescerá daqui a aproximadamente seis meses: Hoje não importa quem está na frente. A mídia noticia muito os resultados das pesquisas de opinião. Mas por enquanto isso não significa nada. A importância surgirá a partir das primárias dos partidos, que começam em janeiro.
Apesar disso, os consultores quanto os pesquisadores de opinião que trabalham especificamente para os partidos já lidam com uma óbvia certeza: o tema central da eleição de 2008 será a guerra no Iraque. E toda a maquinaria democrata e republicana investe tempo e dinheiro para encontrar formas de convencer os eleitores que a sua visão é a mais sensata.
O Partido Republicano, como era de se esperar, está mais preocupado. Trata-se de uma dupla preocupação. Por um lado, de cada dez americanos, sete acham que a política de Bush na condução da guerra no Iraque é equivocada.
Pesquisas recentes têm mostrado que de 50% a 60% dos eleitores republicanos não estão satisfeitos com os pré-candidatos do partido.
A perspectiva traçada por ambos os lados é que desta vez não haverá um grupo específico do eleitorado capaz de, por si só, definir o resultado da eleição, ou ter um peso decisivo nela como foram os evangélicos na escolha do presidente Bush. Os índices mostram que há um certo equilíbrio entre eles.
Um fato que anima a oposição é justamente a virada de mesa nesse grupo. Ao ser reeleito, Bush obteve o voto de 58% das security moms, e John Kerry, apenas 40%. Hoje, 54% delas dizem preferir um candidato democrata, enquanto 43% ficam com um republicano.