Estimativas de ONGs internacionais como a Avaaz, que mantém ativistas na Síria, e o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, com sede em Londres, estimam que ao menos 35 pessoas morreram ontem durante confrontos pelo país. Mais de meio milhão de civis foram às ruas, sendo 100 mil somente na cidade de Homs.
"Esta sexta é diferente de outras sextas. É um passo transformador. As pessoas estão ansiosas em alcançar os monitores e contar seu sofrimento a eles", disse o ativista Abu Hisham em Hama.
Um vídeo divulgado por ativistas no YouTube mostra a delegação da Liga Árabe cercada por milhares de manifestantes na província de Idlib.
O Exército Livre Sírio, grupo armado de oposição ao regime de Bashar Assad, ordenou que suas forças interrompam as ações ofensivas enquanto esperam uma reunião com a delegação da Liga Árabe que monitora a implementação de um plano de paz no país, informou ontem o comandante dos rebeldes.
O coronel Riad al Assad disse que suas forças por enquanto não puderam conversar com os observadores da Liga, e que ele está buscando um contato urgente. A delegação estrangeira chegou na semana passada à Síria para uma missão de um mês.
Fúria
Um observador da Liga Árabe disse ontem à multidão enfurecida na Síria que o trabalho de sua equipe é apenas observar, e não ajudá-los a retirar do poder o ditador Bashar Assad, contra o qual se rebelam há nove meses, conforme reportagem da emissora Al Jazeera.
"Nosso objetivo é observar, não é remover o presidente, nosso objetivo é devolver paz e segurança à Síria", afirmou ele, usando um alto-falante a partir do pódio de uma mesquita lotada de manifestantes no subúrbio de Douma, em Damasco.
O observador, que não falou seu nome, prometeu divulgar o sofrimento dos manifestantes. Um grupo de cerca de 60 observadores, de um total de 150, já chegou ao país. A equipe deve inspecionar a Síria ao longo de aproximadamente um mês. Eles verificarão se as forças de Assad estão implementando um plano de paz que prevê o fim da repressão contra a revolta antigoverno.
Ativistas dizem acreditar que muitos observadores são pró-governo ou acreditam que é muito difícil se comunicar com o grupo longe de acompanhantes do governo. Dentro da mesquita de Douma, a multidão parecia suspeitar dos observadores.
Um orador da mesquita tentou acalmar o público, pedindo que deixassem o observador falar. Mas um homem rompeu o silêncio, gritando: "Meu filho é um mártir, eles o mataram", puxando a cantoria de "Com sangue e alma, nós redimiremos os mártires".
Missão
O observador, que pediu ao público que não o filmassem, embora sua imagem tenha sido transmitida ao vivo pela Al Jazeera, afirmou: "Nós, como monitores, não deveríamos falar, mas a situação me forçou a dizer algo: estamos monitorando os elementos de um protocolo assinado entre a Liga Árabe e o governo. Esta é uma missão humanitária para transmitir os problemas existentes e solucionar a crise", disse.
O protocolo exige que as forças sírias retirem-se das cidades e libertem os prisioneiros, que se calcula que sejam milhares.
Mais de 5 mil pessoas já morreram na tentativa do governo de acabar com os protestos.