Kristian "Varg" Vikernes, único membro da banda de black metal norueguesa Burzum, foi preso na França acusado de planejar um massacre. Segundo o Le Monde, a prisão ocorreu na manhã desta terça-feira (16), na fazenda de Vikernes, em Salon-la-Tour, na região central do país, onde ele vive com a esposa e três filhos.
Vikernes, de 40 anos, esteve preso por 21 anos na Noruega pelo assassinato de Øystein Aarseth, conhecido como Euronymous, seu ex-companheiro na banda Mayhem, e também por queimar igrejas. Ele foi solto em 2009.
O músico se mudou para a França em 2010, quando se casou com Marie Chachet. Ele começou a ser investigado após receber uma cópia do manifesto de Anders Behring Breivik, responsável pelo atentado que deixou 77 mortos em Oslo, em julho de 2011. Breivik foi condenado a 21 anos de prisão, sentença máxima na Noruega, em agosto de 2012.
"Essa foi a origem da investigação", disse um porta-voz da polícia. "Havia muitas suspeitas que fizeram os serviços de segurança temerem um atentado violento."
Na residência do casal foram encontrados quatro rifles, comprados legalmente pela esposa de Vikernes, que participa de um clube de tiro.
"Tendo recebido o manifesto antes (de Breivik) cometer seus crimes e tendo sido sentenciado na Noruega no passado por assassinato, esse indivíduo, que era próximo a movimentos neo-nazistas, tinha grandes chances de preparar um ato terrorista", disse o ministro do Interior da França, Manuel Valls. "A investigação vai estabelecer as condições de compra desses rifles e qual era seu real objetivo".
O manifesto de 1.500 páginas explicava a cruzada de Breivik contra os muçulmanos que, segundo ele, estão dominando a Europa. Em seu website, Vikernes critica Breivik pela morte de "mais noruegueses inocentes do que muçulmanos". Ele ainda acusa o terrorista de ser um "agente sionista" e um "perdedor cristão".
"Se vocês, queridos nacionalistas europeus, realmente querem salvar a Europa (em termos biológicos), precisam entender que a única coisa a fazer é afastar o absurdo do cristianismo e abraçar apenas os valores e ideais europeus (ou seja, pagãos) e, se quiserem, também os deuses europeus. Se você trabalha pelo cristianismo, então trabalha para os judeus. Simples assim", escreve o extremista.
O prefeito de Salon-La-Tour se surpreendeu com a prisão. "Não notei nada de estranho nele, a não ser que gostava de usar roupas militares e ouvir música gótica", disse Jean-Claude Chauffour a BFM TV.