Um dos dois cidadãos afegãos integrantes de uma comissão apoiada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para analisar as denúncias de fraude nas eleições presidenciais de agosto renunciou nesta segunda-feira (12). O argumento para a saída de Maulavi Mustafa Barakzia foi interferência de estrangeiros em seu trabalho, segundo sua versão. Ontem, a ONU reconheceu a existência de "fraude generalizada" na disputa afegã. Segundo funcionários, erros e falta de comunicação prejudicaram a investigação sobre as supostas fraudes de agosto.
O impasse sobre a disputa ocorre no momento em que o governo do presidente Barack Obama revisa a estratégia dos Estados Unidos para o país, invadido em 2001. O comandante das tropas norte-americanas no Afeganistão, general Stanley McChrystal, pede mais 40 mil soldados para a luta contra os militantes e a estabilização da nação. A Comissão de Reclamações Eleitorais, apoiada pela ONU, é apontada como potencial fiel da balança na disputa eleitoral. Funcionários ocidentais e afegãos disseram confiar no grupo de trabalho para evitar fraudes e produzir um resultado justo.
A decisão desta comissão deve determinar se o presidente Hamid Karzai vencerá em primeiro turno ou se haverá nova votação entre ele e o ex-ministro das Relações Exteriores Abdullah Abdullah. Resultados preliminares mostram Karzai com 54% dos votos no primeiro turno, mas esse índice pode cair com a impugnação de urnas.
Barakzia afirmou que os três estrangeiros da comissão - um americano, um canadense e um holandês - estavam "tomando todas as decisões por conta própria", sem consultar os afegãos. Uma porta-voz da comissão rechaçou a versão. Segundo a funcionária, a desistência não interromperá o trabalho do grupo. Barakzia havia sido apontado pela Suprema Corte afegã. Não foi informado se a corte nomeará outra pessoa para o posto.