Uma artista do grupo Pussy Riot denunciou nesta quarta-feira (8) um "processo tipo stalinista" em sua última declaração no tribunal de Moscou, que julga as três integrantes desta banda punk russa por terem entoado uma "oração" contra o presidente Vladimir Putin em uma catedral.
O julgamento se parece "com o das troikas da época de Stalin", declarou Nadejda Tolokonikova em referência aos grupos de três pessoas que na época do terror stalinista, a partir dos anos 1930, condenaram de maneira sumária e arbitrária milhares de soviéticos acusados de crimes políticos a anos de campos de reclusão ou à pena de morte.
Segundo a jovem cantora, "houve uma ordem política" para castigar as Pussy Riot, por terem cantado em fevereiro na catedral de Cristo Salvador uma "oração punk" que pedia à Santa Virgem que as "livrassem de Putin".
As Pussy Riot são as discípulas e as descendentes dos dissidentes "perseguidos por Stalin" e o julgamento atual é, na realidade, "o julgamento de todo o sistema político russo", sustentou a artista.
A promotoria pediu na terça-feira três anos de prisão para as três integrantes do grupo musical: Nadejda Tolokonikova, de 22 anos, Yekaterina Samutsevich, de 29, e Maria Alyokhina, de 24, acusadas de "vandalismo" e incitação ao ódio religioso.
O veredicto será anunciado no dia 17 de agosto.
As Pussy Riot estão recebendo um número crescente de apoios internacionais.
Na noite de terça-feira (7), a cantora americana Madonna disse durante um show em Moscou que rezava pela liberdade das três cantoras.
E a artista de vanguarda Yoko Ono, viúva do falecido ex-Beatle John Lennon, pediu em sua conta no Twitter para Putin libertá-las.
Do lado político, 120 deputados federais alemães expressaram "preocupação" com o caso, em uma carta enviada ao embaixador russo em Berlim.
E segundo o jornal russo Kommersant, o ministro tcheco das Relações Exteriores, Karel Schwarzenberg, expressou seu apoio às jovens.
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