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| Foto: Radovan Bahna/Creative Commons

Suvenir

Estátua, museu e até vinhos usam a figura da nobre assassina em série

Hoje as autoridades de Cachtice, na Eslováquia, tentam reivindicar a figura da moradora mais infame (e famosa) que o vilarejo jamais teve.

Na praça central da cidade foi erguida uma estátua que representa a condessa Isabel Bathory, e uma pequena sala do museu local é dedicada a ela, com objetos, uma réplica de vestido, retratos e utensílios da época.

Na fortaleza, é possível percorrer as passagens subterrâneas, os calabouços e até mesmo os destroços que poderiam ser dos aposentos privados nos quais morreu a "condessa sangrenta".

Para embarcar na onda, produtores locais de vinhos já reagiram à chegada de mais visitantes à região, com novas marcas como "Sangue de Bathory" ou "Lágrima de Donzela".

É, sem dúvida, uma maneira bizarra de manter viva a memória de uma figura histórica cruel. De acordo com testemunhos encontrados em documentos da época, a condessa Bathory chegou a arrancar, com leves mordidas, pedaços de carne das jovens que torturava.

Isabel tem só um retrato conhecido

O único retrato conhecido da condessa Isabel Bathory foi pintado no fim do século 16, possivelmente em 1585, quando ela tinha 25 anos. O quadro desapareceu nos anos 1990 (a imagem acima é uma reprodução disponibilizada no Creative Commons, na internet). É curioso pensar que Isabel foi contemporânea do dramaturgo inglês William Shakespeare (1564-1616), autor de clássicos como Rei Lear e Hamlet. Ela viveu entre 1560 e 1614.

  • Ruínas do castelo de Cachtice (no alto e acima), lar de Isabel Bathory, foram restauradas para atrair turistas
  • Placa indica o caminho até o castelo, na região de Bratislava

Mito e história se confundem na figura de Isabel Bathory (1560-1614), a chamada "condessa sangrenta" que teria torturado centenas de jovens entre os séculos 16 e 17. A morte dela completa quatro séculos neste ano e é lembrada pela comunidade de Cachtice, a 100 quilômetros de Bratislava, na Eslováquia, local das ruínas do castelo que foi habitado por Isabel e onde ela morreu, numa espécie de "prisão domiciliar" da época.

A vida e os crimes da condessa inspiraram histórias no cinema e na literatura. Hoje, há especialistas que veem nela o modelo usado pelo autor irlandês Bram Stoker (1847-1912) para criar o conde Drácula, no livro homônimo. A atriz francesa Julie Delpy produziu e protagonizou o filme mais recente a falar de Bathory: A Condessa (2009).

A condessa viveu, torturou e morreu no castelo de Cachtice, 100 quilômetros ao nordeste de Bratislava, hoje capital da Eslováquia e então uma cidade húngara.

As ruínas da fortaleza foram restauradas por ocasião do quarto centenário da morte de uma das maiores assassinas em série da História. A ideia é atrair turistas a uma área pouco habituada a visitantes.

"A figura de Bathory é, sem dúvida, um dos principais atrativos da região", explicou Miroslav Dobias, um morador de Cachtice que tenta popularizar a personagem por meio de uma página na internet (bathory.sk). "Não consideramos o caso da condessa como algo vergonhoso, mas como uma realidade histórica. Não nos gera nenhum complexo", disse.

Isabel Bathory nasceu em uma das famílias húngaras mais poderosas da época. Os pais dela eram parentes, algo comum entre os nobres de então, uma consanguinidade que poderia ter sido a origem dos ataques de fúria que sofria, talvez causados pela epilepsia, e da crueldade que a tornou tão famosa.

Durante décadas, Bathory sequestrou e torturou até a morte centenas de aldeãs, em ritos considerados "satânicos" por alguns. Uma das histórias conta que a condessa se banhava no sangue das vítimas porque acreditava que assim conseguiria se manter jovem.

Crueldades envolveram jovens da nobreza

Após a morte do marido em 1604, a condessa começou a passar mais tempo no castelo de Cachtice e os atos de crueldade se multiplicaram — passando a envolver meninas da nobreza.

Se o desaparecimento de camponesas não tinha causado impacto na corte, as queixas de famílias aristocráticas fizeram com que o rei húngaro Matias II ordenasse a detenção da condessa.

Em dezembro de 1610 os homens do imperador descobriram no castelo vários cadáveres e mulheres moribundas ou esperando nas masmorras para serem torturadas. O julgamento foi rápido e contundente.

Vários serventes da condessa foram interrogados sob tortura, sentenciados por bruxaria e decapitados ou queimados vivos.

O berço de ouro de Bathory a poupou de ser julgada, e ela nem sequer presenciou o processo, mas não se livrou de um castigo.

Três anos

Em 1611, a condessa foi encarcerada nos próprios aposentos, que ficaram selados, apenas com pequenas aberturas para ventilação e para receber comida.

Ela morreu três anos mais tarde, em agosto de 1614, e os restos dela foram levados para Ecsed, terra natal da condessa.

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