Seguindo a tradição peronista, que sempre utilizou estranhas manobras políticas para permanecer no poder, o ex-presidente Carlos Menem (1989-99) e sua filha Zulemita abriram mão das críticas à presidente Cristina Kirchner e declararam apoio à reeleição dela.
Menem costumava chamar o ex-presidente Néstor Kirchner de "satânico" por suas políticas estatizantes e acusava Cristina de "levar o país ao apocalipse". Agora, Menem afirma que a presidente é a "única pessoa capacitada para governar". O ex-presidente aposta que Cristina "vencerá no primeiro turno". Sobre Néstor Kirchner, que morreu em outubro, Menem disse que "foi um bom governante e fez o país funcionar".
A transformação de Menem em aliado dos Kirchners começou em 2009 quando o ex-presidente respaldou uma série de projetos de lei do governo no Senado. Seu voto - e abstenção, em algumas ocasiões - foi crucial. Menem, um ortodoxo neoliberal e integrante da ala direita do partido peronista, favoreceu o governo Kirchner - da ala centro-esquerda do peronismo - em leis que ampliavam a interferência estatal na economia.
Em troca, Menem, que precisa ser reeleito senador para continuar com a imunidade parlamentar e assim evitar ser julgado por uma série de casos de corrupção, conseguiu o respaldo político do governador de La Rioja, Beder Herrera. Em Buenos Aires, ministros não declaram respaldo direto a Menem. Mas as costumeiras críticas saíram da agenda diária. Menem quer ainda garantir a carreira política da família candidatando a filha Zulemita como deputada federal nas eleições de outubro.