Uma garota de 10 anos sangrou até a morte depois de sofrer uma operação de mutilação genital na Somália, informou uma ativista. O país registra os maiores índices mundiais de realização da prática.
A menina morreu em um hospital na segunda-feira, 16, dois dias após a mãe a levar a um circuncidador em uma área remota perto da cidade de Dhusamareb, no centro do Estado de Galmudug, disse em um comunicado Hawa Aden Mohamed, do Centro Educacional Galkayo para Paz e Desenvolvimento.
"Suspeita-se que o circuncidador tenha cortado uma veia importante durante a operação", afirmou Hawa Aden. A prática é comum em tribos africanas, mas não é um preceito do islamismo.
Prática tradicional
Cerca de 98% das mulheres e meninas da região do Chifre da África são submetidas ao processo de mutilação genital feminina, de acordo com informações das Nações Unidas. Enquanto a Constituição da Somália proíbe a prática, Hawa Aden afirmou que nenhuma lei foi decretada para garantir que aqueles que realizam essas operações sejam punidos.
Nossas convicções: A valorização da mulher
Alguns deputados "temem perder sua influência política entre os poderosos grupos conservadores tradicionais e religiosos, inclinados a manter a prática", explicou a ativista.
Funcionários da área de saúde alertam para os riscos do procedimento, que, em muitos casos, remove a genitália externa e a vagina é costurada e fica quase fechada.
Desafio
Apesar das campanhas na Somália contra a prática, ela é "realizada em segredo". "Reduzi-la tem sido um grande desafio", disse Brendan Wynne, da Donor Direct Action, que tem sede em Nova York e reúne ativistas mulheres do mundo inteiro.
Cerca de 200 milhões de mulheres e crianças em 30 países já sofreram mutilação genital, afirmou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que qualifica o procedimento como uma "bruta violação dos direitos humanos das mulheres e meninas".