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Tráfico sexual

Meninas que fugiram da Coreia do Norte são escravizadas na China

Milhares de norte-coreanas que tentam escapar das violações de direitos em seu país acabam como escravas sexuais na China
Milhares de norte-coreanas que tentam escapar das violações de direitos em seu país acabam como escravas sexuais na China (Foto: Lei Han, sob licença CC BY-NC-ND 2.0)

Milhares de mulheres e moças da Coreia do Norte, e até mesmo crianças de 9 anos, são traficadas todos os anos para a China, onde são obrigadas a trabalhar como escravas sexuais, segundo um relatório publicado em maio pela organização Korea Future Initiative, do Reino Unido.

O tráfico de mulheres é um negócio lucrativo para os exploradores. Segundo o relatório, a exploração dessas mulheres gera pelo menos US$ 105 milhões (cerca de R$ 408 milhões) por ano para os criminosos chineses. Já as vítimas são prostituídas por até US$ 4 (cerca de R$ 15) e vendidas como esposas por US$ 146 (cerca de R$ 565).

Elas são forçadas a trabalhar em bordéis, vendidas para casamentos abusivos ou obrigadas a realizar atos sexuais em frente a câmeras. Quando são pegas pelas autoridades chinesas, são enviadas de volta para a Coreia do Norte, onde os desertores são frequentemente torturados.

Estima-se que até 200 mil norte-coreanos já foram para a China para fugir da grande variedade de violações a direitos humanos que sofrem em seu país. A maioria são mulheres que vivem de forma precária como refugiadas sem documentos que não contam com proteções legais básicas e são impedidas de viajar para outro país.

Assim, elas se tornam vulneráveis a vários tipos de abuso e exploração. Segundo a Korea Future Initiative, essas mulheres ficam presas entre o governo chinês, que quer prendê-las e repatriá-las; o governo da Coreia do Norte, que tortura, interroga, prende e até executa cidadãos repatriados, e o comércio sexual ilegal chinês;

As vítimas são na sua imensa maioria mulheres de 12 a 29 anos, que são coagidas, vendidas ou capturadas na China ou traficadas diretamente da Coreia do Norte. Muitas são vendidas mais de uma vez e forçadas a trabalhar como escravas sexuais.

Segundo o relatório, a prostituição superou o casamento forçado como o principal caminho para o comércio sexual para as mulheres e meninas norte-coreanas, que são escravizadas em bordéis espalhados por cidades-satélites e municípios próximos de grandes áreas urbanas do Nordeste da China.

Outro componente do comércio sexual de meninas e mulheres norte-coreanas na China é o cybersexo, uma prática que tem crescido. As meninas e mulheres são obrigadas a realizar atos sexuais explícitos e são agredidas sexualmente em frente a webcams que transmitem as cenas para um público global que paga pelo serviço. Muitos deles são homens sul-coreanos.

Em entrevista ao canal de televisão americano CNN, uma dessas vítimas, que não teve o verdadeiro nome revelado, contou que ficou aprisionada durante cinco anos com outras jovens em um minúsculo apartamento no nordeste da China. Ela havia escapado da Coreia do Norte com a ajuda de um intermediário e a promessa de trabalho em um restaurante. Na verdade, ela foi vendida para um operador de negócio de cybersexo. O seu sequestrador permitia que ela saísse do apartamento uma vez a cada seis meses.

A moça foi resgatada por um homem de 28 anos que começou a conversar com ela como se fosse um cliente do site de cybersexo, mas na verdade era um pastor sul-coreano que prometeu resgatá-la.

Os casamentos forçados persistem em áreas rurais da China. Mulheres norte-coreanas continuam sendo compradas, estupradas, exploradas e escravizadas por maridos chineses, segundo o relatório da Korea. Esse é o mesmo destino de um número menor, mas significativo, de norte-coreanas que são vendidas para homens solteiros da Coreia do Sul.

As perspectivas para as mulheres e meninas norte-coreanas presas no comércio sexual multi-milionário da China são sombrias, segundo o relatório, que afirma que muitas vítimas morreram na China, enquanto pequenas organizações de resgate e missionários cristãos lutam para fazer um trabalho que é ignorado pelos governos e pela comunidade internacional.

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