![Menino-bomba deixa mais de 50 mortos em casamento na Turquia Ataque foi cometido na noite de sábado (20) durante um casamento com a presença de muitos curdos | ILYAS AKENGIN/AFP](https://media.gazetadopovo.com.br/2016/08/88029fpif4-2108088-kxzh-u20754348173hy-1024x576-2.0.1187811824-gpLarge.jpg)
Ao menos 51 pessoas que participavam em um casamento no sábado (20), no sul da Turquia, morreram em um atentado cometido por um menino com idade entre 12 e 14 anos, provavelmente um integrante do grupo Estado Islâmico, afirmou neste domingo o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan .
“O atentado de Gaziantep é obra de um camicase entre 12 e 14 anos, que se explodiu ou levava explosivos detonados à distância”, declarou Erdogan. Ele insistiu na suspeita de que o grupo Estado Islâmico (EI) está por trás do atentado cometido durante o casamento.
No local do ataque foram encontrados pedaços de um colete de explosivos, informou a promotoria, confirmando a tese de um atentado suicida na cidade de Gaziantep, perto da fronteira com a Síria. “O número de pessoas mortas neste ataque terrorista é agora 51”, anunciou o governador da província, Ali Yerlikaya.
Este é o ataque mais sangrento na Turquia, palco há um ano de uma onda de atentados atribuídos ao EI ou aos rebeldes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), especialmente em Ancara e Istambul. O ataque foi cometido na noite de sábado durante um casamento com a presença de muitos curdos e também causou uma centena de feridos.
Em um comunicado, o presidente Erdogan afirmou que não vê “qualquer diferença” entre o pregador no exílio Fethullah Gulen, o qual acusa de planejar a tentativa de golpe de 15 de julho, os rebeldes do PKK e o grupo Estado Islâmico, “provável autor do ataque em Gaziantep”.
“Nosso país, nossa nação, só pode reiterar uma mensagem para aqueles que nos atacam: Eles vão fracassar”, escreveu o presidente. Uma autoridade turca afirmou que o “casamento era realizado ao ar livre” em um bairro de Gaziantep com grande concentração de curdos, reforçando a pista jihadista.
A noiva e o noivo sobreviveram ao massacre. A noiva Besna Akdogan ficou muito abalada e desmaiou várias vezes. “Eles transformaram o meu casamento em um banho de sangue”, disse ela à agência de notícias Anatolia. Ela ficou levemente ferida e recebeu alta neste domingo.
A agência Dogan afirma que um homem-bomba se misturou aos convidados, entre os quais muitas mulheres e crianças, e detonou a carga explosiva. As forças de segurança procuram duas pessoas que o acompanhavam e que fugiram após o ataque.
Testemunhas descreveram uma cena de terror. “Quando chegamos havia tantos mortos, uma dúzia de” corpos com a “cabeça, braço ou mão espalhados pelo chão”, relatou um homem. “Olhem, foram peças de ferro que entraram nos corpos de nossos parentes, isso os mataram, não há mais nada a dizer”, disse outro.
Gulser Ates, uma ferida, contou ao jornal Hurriyet que o ataque ocorreu quando a festa terminava.“Nós estávamos sentados em cadeiras, eu estava conversando com um vizinho. Ele morreu na minha frente. Se ele não tivesse caido sobre mim, eu teria morrido”, afirmou ela.
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Caixões em fileiras
O partido pró-curdo HDP condenou o ataque e disse que “muitos curdos foram mortos”. Erdogan também considerou que os autores do ataque tentam semear a divisão entre os diferentes grupos étnicos que vivem na Turquia.
Muitos extremistas percebem os curdos como os seus piores inimigos. Na vizinha Síria, as milícias curdas enfrentam ferozmente o EI, e são consideradas pelo Ocidente como as mais eficazes na luta contra os radicais islâmicos.
Em Gaziantep, os homens oravam ante os caixões em linha e muitas famílias consultavam a lista de vítimas transportadas para o necrotério. O sudeste e leste da Turquia foram alvo esta semana de três ataques que deixaram 14 mortos. O governo responsabilizou o PKK curdo. A guerrilha curda, depois de uma relativa calma após o golpe de Estado de 15 de julho, parece ter retomado sua campanha de ataques contra forças de segurança turcas.
Gaziantep tornou-se um ponto de passagem de muitos refugiados sírios que fogem da guerra civil iniciada há cinco anos e meio. Mas, além dos refugiados e militantes de oposição, a região é ocupada por um número significativo de extremistas.
A explosão de Gaziantep ocorreu no mesmo dia em que o primeiro-ministro Binali Yildirim anunciou que a Turquia teria um papel “mais ativo” na resolução da crise na Síria para “parar o derramamento de sangue”.
O ataque de sábado provocou numerosas reações. O embaixador dos Estados Unidos John Bass condenou a ação e acrescentou: “Somos solidários com a Turquia, nossa aliada, e estamos empenhados em continuar a trabalhar em conjunto para derrotar a ameaça terrorista”.
O presidente russo, Vladimir Putin, denunciou a “crueldade e cinismo” do ataque. “Rezamos pelas vítimas, mortos e feridos, e pedimos paz para todos”, proclamou no Vaticano o papa Francisco.
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