Site "Brig Sean Home" em português é do pai biológico, que pede a guarda imediata do garoto Sean Goldman| Foto: Reprodução / www.bringseanhome.org

O menino Sean Ribeiro Goldman, de 8 anos, cuja guarda é disputada na Justiça pelo pai, o americano David Goldman, e pelo padrasto, João Paulo Lins e Silva, disse durante uma avaliação feita por três peritas e uma assistente da União que quer ficar no Brasil. "Eu prefiro morar aqui. Porque se eu for para lá eu vou começar a endoidecer. Eu quero ficar aqui com a minha irmã, com meu pai, com a minha avó, com meu avô, com meus outros avós", disse na avaliação feita em 3 de março, no Rio. O conteúdo da conversa foi transcrito a pedido da psicóloga Vera Lemgruber, que acompanhou o encontro indicada por Lins e Silva. A transcrição, de 17 páginas, foi registrada no 13º Ofício de Notas.

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O advogado de Lins e Silva, Sérgio Tostes, acha que o depoimento do menino foi fundamental. "Ele não deixou margem de dúvida de que o interesse dele é ficar no Brasil onde está totalmente acostumado e familiarizado. Ele dizer que quer ficar no Brasil tem um peso muito grande", acredita. O advogado de Goldman no Brasil, Ricardo Zamariola, se recusou a comentar o depoimento. "Não quero dar declaração sobre esta causa para preservar a criança", disse, nesta segunda-feira (13). As peritas já entregaram o laudo ao juiz da 16ª Vara Federal, que também vai analisar as avaliações psicológicas de David Goldman, Lins e Silva e de Silvana Bianchi, avó materna.

Sean viveu em Nova Jersey, nos Estados Unidos, com o pai e a mãe, Bruna Bianchi, até 2004. De acordo com depoimentos da família dela, os dois não tinham um casamento feliz. Há quatro anos, quando veio de férias para o Brasil, Bruna acabou ficando e conseguiu na Justiça brasileira a guarda do filho. Goldman pediu o cumprimento da Convenção de Haia, que determina que a guarda seja decidida no país onde a criança residia. Mas teve o pedido negado no Brasil.

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Em agosto do ano passado, já casada com o advogado João Paulo, Bruna deu à luz uma menina, mas morreu no parto. Uma semana depois, João Paulo conseguiu a guarda de Sean. O caso virou assunto diplomático entre Brasil e Estados Unidos e foi discutido até no encontro entre o presidente Lula e Barack Obama. A discussão agora está na 16ª Vara Federal.

No encontro com as peritas, o menino só chamou o pai biológico de David. Disse que acha engraçado ter dois pais e que o fato de ele estar sendo disputado faz com que se sinta amado. Mas não está gostando da situação. E insistiu que não quer ir para os Estados Unidos. "Não tô gostando porque eu quero ficar aqui. Mas .. não tem problema ele (David) vir me visitar aqui. Ele poderia me visitar a qualquer hora porque o meu pai João acha que não tem nenhum problema." Uma das peritas perguntou se ele considera David Goldman como pai. "Às vezes sim, às vezes não.... depende", respondeu.

As duas partes envolvidas na disputa ensaiaram um acordo, intermediado pela Secretaria de Direitos Humanos, que colocou a Advocacia Geral da União no caso pedindo respeito à Convenção de Haia. Mas as conversas não foram em frente. "O advogado do americano disse que não abre mão da ida do menino para os Estados Unidos. Ele não considera que o menino está aqui há 4 anos, que ele tem uma irmã. Diante disso não há possibilidade de acordo", argumentou Tostes.