O governo do Paraguai anunciou nesta quarta-feira (12) que não receberá o crédito de US$ 41 milhões outorgado pelo Mercosul por considerar que a medida se trata de uma "armadilha jurídica" com a qual o bloco regional procura assegurar a entrada da Venezuela.
"O novo crédito é uma chantagem à soberania nacional. Querem que reconheçamos desta maneira a entrada da Venezuela", afirmou o ministro de Obras, Enrique Salyn Buzarquis.
Em entrevista coletiva, o ministro de Obras, junto ao de Fazenda, Manuel Ferreira Brusquetti, e o chanceler paraguaio, José Félix Fernández Estigarribia, anunciou a rejeição ao empréstimo aprovado pelo Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focem) em um momento em que o Paraguai está suspenso do bloco.
No final do mês de junho, a Argentina, Brasil e Uruguai, os outros membros fundadores do Mercosul, decidiram suspender o Paraguai do bloco por causa de um "quebra democrático" relacionada com a destituição do ex-presidente Fernando Lugo.
Em paralelo a suspensão do Paraguai, os países do Mercosul também anunciaram o ingresso da Venezuela, mesmo sem a aprovação do Senado paraguaio.
O ministro da Fazenda do Paraguai explicou que a decisão de não receber o crédito foi adotada esta semana durante uma reunião com o chefe de Estado, Federico Franco. Na ocasião, as autoridades paraguaias perceberam que o documento contava com a assinatura do chanceler venezuelano, Nicolás Maduro.
Fernández Estigarribia, por sua parte, explicou que o país decidiu adiar a aceitação do dinheiro, que deveria ser investido nas obras da faixa da ribeira do rio Paraguai, em Assunção, até que se restabeleça a "normativa jurídica" no Mercosul.
O Mercosul sustenta que só reconhecerá as autoridades paraguaias a partir das eleições gerais do dia 21 de abril de 2013, enquanto a União de Nações Sul-americanas (Unasul) também mantém a suspensão do Paraguai, anunciada no último dia 29 junho.
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