Saúde
Hugo Chávez diz estar "totalmente livre" do câncer, pela 2ª vez
Folhapress
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse ontem que está "totalmente livre" do câncer que enfrenta há mais de um ano. O anúncio acontece apenas três meses da eleição presidencial venezuelana, na qual Chávez é amplo favorito à reeleição.
"Livre, livre, totalmente livre", disse Chávez a repórteres, quando questionado sobre seu estado de saúde.
Chávez, 57 anos, foi diagnosticado com câncer na região pélvica em junho de 2011. Ele chegou a dizer que estava curado no fim do ano, antes de ser diagnosticado com uma reincidência da doença em fevereiro passado. O presidente não revela detalhes da doença e há rumores de que seu estado de saúde é grave.
Apesar do otimismo de Chávez, oncologistas afirmam que é impossível decretar a cura completa de um câncer antes de ao menos dois anos desde o último diagnóstico da doença.
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O que pode acontecer com o sistema econômico da Venezuela depois da entrada do país no Mercosul?
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O receituário econômico de Hugo Chávez está prestes a ser colocado à prova. Com a entrada oficial da Venezuela no Mercosul marcada para o dia 31 deste mês, especialistas questionam como será possível conciliar as regras de um bloco de livre comércio com o cenário de câmbio fixo, preços controlados e participação escassa de empresas privadas na economia do país.
"A política econômica de Chávez está fundamentada em três elementos aparentemente contrários aos princípios do Mercosul: uma economia ancorada em compras governamentais, controle de preços e sem muito espaço para empresas privadas", diz o analista venezuelano Carlos Romero.
No Tratado de Assunção, documento que marcou a criação do Mercosul, os sócios se comprometeram com "a livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos entre os países por meio da eliminação dos direitos aduaneiros e das restrições relativas à circulação de mercadorias e de qualquer outra medida equivalente".
"O Mercosul já estava em uma situação complicada antes, com a Venezuela deve ficar ainda mais difícil. Todo esse protecionismo de Chávez só tornou o país mais dependente do petróleo. No médio e no longo prazo representa uma política de atraso para o país", disse Nora Zygel, professora da FGV Management.
As vendas da indústria petrolífera para outros países representam 95% da receita de exportações venezuelanas. Nas transações comerciais com o Brasil, por exemplo, o nafta (derivado de petróleo) para a petroquímica representou, de janeiro a junho deste ano, mais da metade das vendas. Mas o principal entrave para as negociações não é a concentração da pauta de exportações, mas os desafios impostos pelo câmbio fixo, que limita a entrada de divisas e restringe as importações.
Somente neste ano, o bolívar já sofreu a maior desvalorização desde 2010, quando Chávez resolveu extinguir o mercado paralelo de dólares para combater a inflação em alta e o uso potencial para lavagem de dinheiro.
A cotação para compras essenciais foi fixada em 4,3 bolívares. Mas o fato de o mercado paralelo ter sido extinto pelo presidente não quer dizer que os venezuelanos tenham parado de adquirir dólares. E estão comprando cada vez mais, o que eleva a cotação e pressiona a inflação.
Segundo o blog Lechuga Verde, que apresenta a cotação negociada por doleiros, o dólar custava hoje 9,28 bolívares. Já o euro era negociado por 11,41 bolívares. As informações aparecem também nas redes sociais.
De outro lado, a inflação não para de aumentar. O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que a Venezuela encerrará o ano com uma taxa de até 31,6%. No ano passado, o país registrou uma variação de quase 28%.
Na prática, com câmbio fixo, os importados saem cada vez mais em conta, o que prejudica a indústria local. Segundo Romero, as atividades que podem sofrer mais com as mudanças incluem a área de alimentos processados, indústria química e materiais de construção, afetados pelos preços artificiais e pela taxa de câmbio imposta pelo governo.