Paris, 9 Mai 2016 (AFP) - Astrônomos comemoraram na segunda-feira a oportunidade de testemunhar um dos pontos altos do ano dos observadores do céu, quando o Sol, Mercúrio e a Terra se alinharam - um fenômeno que ocorre apenas 13 vezes por século.
Mercúrio foi visto através de telescópios como um ponto negro avançando devagar na frente da nossa estrela, oferecendo um espetáculo celestial que durou sete horas e meia.
“É algo raro, porque requer que o Sol, Mercúrio e a Terra estejam em um alinhamento quase perfeito”, disse Pascal Descamps, do Observatório de Paris.
Mercúrio, o menor planeta do Sistema Solar, completa uma volta em torno do Sol em 88 dias, e passa entre o astro e a Terra a cada 116 dias.
No entanto, a sua órbita ao redor do Sol é inclinada em relação à órbita da Terra, de modo que, da nossa perspectiva, na maioria das vezes ele parece passar por cima ou por baixo do Sol.
Treze vezes por século, no entanto, as duas órbitas se alinham de tal forma que até mesmo astrônomos amadores conseguem ver o pequeno planeta a dezenas de milhões de quilômetros de distância.
De acordo com a Royal Astronomical Society britânica (RAS), o trânsito completo pôde ser visto desde a maior parte da Europa Ocidental, das partes ocidentais do Norte e do Oeste da África, do leste da América do Norte e da maior parte da América do Sul, incluindo o Brasil. O fenômeno durou das 11:12 até as 18:42 GMT (de 8:12 às 15:42 no horário de Brasília).
Observadores amadores foram alertados antes do evento para não olharem diretamente para o Sol, o que pode causar danos permanentes na visão.
Uma alternativa foi usar um telescópio os binóculo para projetar a imagem em uma superfície branca, ou usar um telescópio com um filtro forte. Ou, a mais segura de todas: observar o fenômeno na internet.
“As pessoas comuns ficaram claramente entusiasmadas, muitas estavam conectadas”, disse Descamps à AFP.
Quente e frioCom um terço do tamanho da Terra e a maior proximidade do Sol, Mercúrio é uma das curiosidades do Sistema Solar.
Ele é um dos quatro planetas rochosos do centro do Sistema Solar, mas não tem atmosfera e seu corpo metálico é marcado por colisões de rochas espaciais.
O dia em Mercúrio é seis vezes mais quente do que o lugar mais quente na Terra, e a noite pode ser mais de duas vezes mais fria do que o lugar mais frio do nosso planeta.
Ele gira tão lentamente - três vezes a cada duas órbitas - que, curiosamente, o dia em Mercúrio é duas vezes mais longo do que o seu ano.
O trânsito de Mercúrio foi registrado pela primeira vez pelo astrônomo francês Pierre Gassendi, que o observou através de um telescópio em 1631, duas décadas depois do instrumento ter sido inventado.
O astrônomo alemão Johannes Kepler tinha previsto corretamente o trânsito, mas morreu em 1630, antes de que ele pudesse testemunhar o evento.
A última vez que Mercúrio se alinhou com o Sol e a Terra foi há dez anos, e as próximas serão em 2019, 2032 e 2049.
“É sempre emocionante ver fenômenos astronômicos raros como esse trânsito de Mercúrio”, disse o presidente da RAS, Martin Barstow. “Eles mostram que a astronomia é uma ciência acessível a todos”, completou.
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RAS
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