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Alemanha

Merkel defende direito de manifestação, independentemente de suas convicções

A chanceler alemã Angela Merkel defendeu nesta segunda-feira o fato de que os alemães possam exercer livremente seu direito de manifestação, independentemente de seus ideais, após a proibição de um protesto islamofóbico por ameaça terrorista.

Na entrevista coletiva que seguiu o encontro em Berlim com o presidente de Gana, John Mahama, a chefe do governo alemão destacou que a liberdade de manifestação é um "direito fundamental" que não pode ser questionado.

"Independentemente do conteúdo ser do meu gosto, tenho todo o interesse como chanceler de que se possa exercer em toda Alemanha o direito de manifestação", assegurou.

A chanceler ofereceu, além disso, ajuda do governo federal às autoridades de Dresden, onde ia ser realizada uma manifestação dos Patriotas Europeus Contra a Islamização do Ocidente (Pegida), para garantir os direitos fundamentais.

No entanto, esclareceu Merkel, as autoridades locais e do estado federado da Saxônia ainda não pediram a ajuda de Berlim.

A polícia saxã proibiu ontem todas as manifestações ao ar livre convocadas para hoje em Dresden devido a uma "ameaça terrorista concreta" e explicou que, com base em informações recebidas das forças de segurança federais e estaduais, aconteceu uma chamada a possíveis terroristas para que se misturem entre os manifestantes e atentem contra Lutz Bachmann, presidente da Pegida.

As autoridades vinculam essa informação com uma mensagem publicada na rede social Twitter que, em árabe, tacha o Pegida de "inimigo do islã".

Neste sentido, o jornal popular "Bild" informou que na sexta-feira que foi detectada uma ordem de atentar contra Bachmann e de fazer durante a manifestação de hoje.

Pegida explicou, por sua vez, que se viu "forçada" a suspender o ato por "responsabilidade", para evitar "efeitos colaterais" aos participantes da manifestação.

Com as mesmas palavras às quais recorreu a polícia, os responsáveis do Pegida sublinharam que a "ameaça abstrata" que o Ministério do Interior reconheceu se transformou em uma "ameaça de morte concreta" contra um de seus líderes.

A de hoje ia a ser a 13ª manifestação do Pegida em Dresden, onde na segunda-feira, após os atentados jihadistas de Paris, chegou a levar para as ruas 25 mil pessoas, batendo um novo recorde nas manifestações que são organizadas a cada semana na capital saxã.

O Pegida reconheceu que o fato de que o jihadismo seja capaz de impedir o exercício de um direito constitucional representa um "grave dano" para a liberdade de expressão, mas recalcou que optou por dar prioridade à segurança.

Perante o cancelamento, pediu "a todos os europeus que são a favor da liberdade de expressão e contra os fanatismos religiosos" que coloquem em suas janelas uma bandeira nacional e uma vela.

Além da manifestação do Pegida, em Dresden se esperava para esta segunda-feira uma contramanifestação de grupos antifascistas, enquanto em outras cidades da Alemanha estão programadas concentrações contra o racismo e a xenofobia.

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