Angela Merkel com David Cameron durante vista a Londres| Foto: REUTERS/Facundo Arrizabalaga/pool

Numa visita considerada histórica, a chanceler alemã, Angela Merkel, mandou em Londres um recado claro aos britânicos: a Alemanha não está disposta a se juntar ao Reino Unido para fazer reformas profundas na União Europeia.

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Em outras palavras, Merkel avisou hoje que não vai compactuar com os movimentos do governo de David Cameron de tentar implementar mudanças radicais no bloco europeu. "Alguns esperam que meu discurso prepare o caminho para uma reforma fundamental na arquitetura europeia que irá satisfazer todos os tipos de supostos ou reais desejos britânicos. Eu temo desapontá-los", disse.

A chanceler afirmou, por outro lado, que frustraria aqueles que esperavam uma mensagem de que o resto da Europa "não está preparado para pagar qualquer preço para manter a Grã-Bretanha na União Europeia". Ou seja, apesar de sinalizar que não quer mexer em princípios fundamentais da UE, ela deixou aberto espaço para negociar alguns pontos com os britânicos para que o Reino Unido permaneça como membro.

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Um desses pontos seria o livre trânsito de europeus dentro do bloco, segundo seu discurso. Embora nem cogite acabar com a regra, a chanceler sinalizou possíveis mudanças, pedindo "coragem" para apontar erros e enfrentá-los. Para ela, porém, uma Europa "sem fronteiras" foi um dos maiores ganhos obtidos com a unificação do bloco, principalmente em relação ao mercado único. "Todos os estados membros e todos os cidadãos se beneficiam disso", disse.

A visita da chanceler alemã é considerada histórica em Londres e foi planejada com meses de antecedência. Ela discursou no Parlamento britânico, honraria dada a poucos. Além de um encontro privado com o premiê conservador David Cameron, ainda será recebida para um chá com a rainha Elizabeth 2ª.

Não é à toa esse tratamento dado a Merkel. O governo britânico quer atrair o apoio alemão às propostas de reforma na União Europeia. Cameron e aliados têm adotado um discurso de que é preciso mexer, sobretudo, nas regras de imigração. A polêmica cresceu desde 1º de janeiro, quando romenos e búlgaros ganharam o direito de circular dentro do bloco em busca de emprego.

Além de reformas na UE, Cameron planeja um referendo para 2017 com o objetivo de debater a permanência do Reino Unido na UE. A visita de Merkel é vista como uma oportunidade para o premiê se aproximar dos alemães, apontados como o aliado mais forte dos britânicos dentro do bloco. Em seu discurso, que misturou alemão e inglês, Merkel diz que todos precisam de um Reino Unido "forte" e com uma "voz forte" dentro da UE.